AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER
Carla Rosane Fersch
G – Pedagogia –FAFIUV
Profª Orientadora: Rosana Beatriz Ansai
RESUMO:
Refletindo acerca das dificuldades de aprendizagem, tema o qual inquieta muitos profissionais que fazem parte do sistema educacional e que está muito presente no dia a dia dos educadores, este artigo de caráter teórico bibliográfico apresenta a importância do diagnóstico da criança que apresenta dificuldades de aprendizagem, bem como também do trabalho pedagógico do professor e da família frente a criança que apresenta este perfil, sendo que se a família e a escola estiverem unidas facilita o trabalho pedagógico do professor para com esta criança. O presente estudo tem por objetivo ressaltar a importância da identificação precoce das dificuldades de aprendizagem bem como a postura do professor e da família frente as dificuldades de aprendizagem. Parte-se do pressuposto de que cada individuo aprende de uma maneira diferenciada e que a família e o professor são de grande relevância para que a aprendizagem ocorra da forma mais natural e significativa possível.
PALAVRAS-CHAVE: Dificuldades de aprendizagem. Identificação precoce. Professor. Família.
1. INTRODUÇÃO
As dificuldades de aprendizagem segundo Carrera (2009) referem-se a um baixo rendimento escolar esperado para a idade do individuo. Fonseca (1995) complementa que as dificuldades podem ser referentes a audição, fala, leitura, escrita e raciocínio matemático.
Nota-se que as dificuldades de aprendizagem estão muito presentes no dia a dia dos educadores. Deste modo acredita-se que estudos sobre este tema contribuem para a práxis do educador e para que o mesmo possa identificar e trabalhar de uma maneira diferenciada com os alunos que apresentam baixo desempenho escolar. Fonseca (1995, p.243) adverte que: “Devemos combater a inflação das dificuldades de aprendizagem e para tanto é fundamental analisar o problema de fundo.”
De outra forma, não se pode deixar de se considerar, que a aprendizagem é única em cada individuo e que muitos fatores afetivo-emocionais podem dificultar a aprendizagem, bem como também a identificação precoce das dificuldades de aprendizagem podem diminuir as suas consequências.
Este estudo de caráter teórico bibliográfico tem como objetivo ressaltar a importância da identificação precoce das dificuldades de aprendizagem, bem como enfatizar a postura do professor e da família frente as dificuldades de aprendizagem.
2. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM, IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO, DO TRABALHO PEDAGÓGICO, DO PROFESSOR E DA FAMILIA
2.1 A IMPORTÂNCIA DA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Entendemos que na contemporaneidade não há ainda uma definição exata com relação ao termo dificuldade de aprendizagem. Segundo Carrera (2009), o tema refere-se a um baixo rendimento escolar, seja na leitura, na escrita ou no cálculo matemático. Evidencia ainda que o problema de aprendizagem pode ser considerado como um sintoma o qual não é permanente, pois a criança pode aprender a compensar suas dificuldades. Para tanto acredita ser muito importante, que as dificuldades de aprendizagem sejam identificadas precocemente.
Assim, concorda-se com Fonseca (1995) quando este alerta que a sociedade e a escola, não devem simplesmente esperar pelo insucesso escolar, sendo responsabilidade da escola educar todas as crianças.
Nesse sentido é essencial a identificação precoce das dificuldades de aprendizagem, pois assim pode-se orientar uma intervenção pedagógica adequada à necessidade de cada criança. Acrescenta ainda que a criança que possui dificuldades de aprendizagem, não pode ser considerada deficiente, ela apenas aprende de uma maneira diferente. Oliveira (1996, p.7) complementa evidenciando que: ”a criança tem características próprias que devem ser respeitadas”.
Ainda com relação a identificação precoce das dificuldades de aprendizagem, Sana (2005, p.12) adverte que:
[...] Quanto mais tarde for diagnosticado o problema, mais danos causará ao emocional, pois a auto-estima da criança que não esta conseguindo aprender vai diminuindo, podendo tornar-se agressiva, introspectiva ou ainda apresentar outros sintomas que nada mais são do que um pedido de socorro, um alerta para que alguém tome alguma providência e descubra o que está acontecendo com ela. Por isso, pais e professores, principalmente das séries iniciais, devem ter o máximo de atenção a crianças que demonstram algum tipo de dificuldade ou comportamento inadequados, para que as devidas medidas sejam tomadas em tempo de não causarem problemas comportamentais e emocionais mais sérios. (SANA, 2005, p.12)
Morais (2006, p.25) nesse processo de identificação precoce alerta pais e professores evidenciando que:
É importante, portanto, que exista uma preocupação em determinar precocemente a causa da dificuldade para aprender. O diagnóstico precoce do distúrbio de aprendizagem é um ponto fundamental para a superação das dificuldades escolares. Além de orientar os educadores e pais sobre a melhor forma de lidar com a criança, direciona a elaboração de programas de reforço escolar e adoção de estratégias clinicas e/ ou educacionais que auxiliam a criança no desenvolvimento escolar.
Explicita-se a importância da identificação precoce, pois quanto antes forem identificadas e trabalhadas de uma maneira adequada as dificuldades de aprendizagem menores conseqüências poderão trazer para o sujeito aprendente. Deste modo Fonseca (1995, p.366) alerta que:
A descontrolada produção de insucesso escolar e das DA[3] não é um problema meramente educacional. Trata-se de um problema social, cultural e até econômico. Com o insucesso escolar justificam-se posteriormente mais conflitos sociais, mais prisões e mais hospitais psiquiátricos, etc.
No contexto das consequências da falta de um diagnóstico e atendimento pedagógico eficiente Dias e Santo (2006, p.1) alertam que:
Os problemas enfrentados pelo sistema educacional brasileiro (repetência e evasão escolar, violência nas escolas, por exemplo) tanto podem gerar problemas na aprendizagem dos alunos como agravar as condições das crianças que já apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizagem.
Em contrapartida, com relação ao futuro do estudante, com uma educação de qualidade, Cury (2008, p. 85) prevê que: “Quanto melhor for a qualidade da educação, menos importante será o papel da psiquiatria no terceiro milênio.” Já Menezes (2011, p.98) afirma: “E os alunos aos quais se atribuem transtornos, reais ou não, são uma parcela considerável dos que abandonam definitivamente os estudos”. (MENEZES, 2011, p. 85)
Em se tratando de diagnóstico e tratamento da dificuldade de aprendizagem Fonseca (1995, p.222) relata às suas vantagens sociais ao afirmar que: “A identificação precoce é uma alternativa imprescindível para os países de fracos recursos como o nosso, na medida em que reduz os custos, elimina condições que tendem a agravar o desenvolvimento total da criança e diminui os seus efeitos cumulativos”.
Constata-se que com a identificação precoce pode-se evitar problemas futuros, tanto para o individuo, como também para a sociedade.
2.2 O PROFESSOR E A FAMÍLIA FRENTE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
O professor é um profissional que pode auxiliar muito o aluno a superar as dificuldades de aprendizagem, pois segundo recomenda Fonseca (1995), o professor deve perceber que alguns métodos servem para determinada criança e outros não.
Morais (2006, p.163) descreve com relação as dificuldades de aprendizagem que: “ O professor desempenha um papel muito importante no processo de diagnóstico como no processo reeducativo”.
Conforme Tiba (1998, p.38) “O aluno não consegue aprender aquilo que não entende, assim como não pode engolir pedaços maiores do que a sua garganta permite passar.” Entende-se que o professor deve trabalhar um determinado conteúdo de diversas maneiras, utilizando-se de diversos métodos para que o aluno possa vir a aprender.
Nesse contexto Honora e Frizanco (2009, p21) descrevem que:
O professor tem papel fundamental para que o processo de ensino aprendizagem possa ocorrer de uma maneira satisfatória. Além de ser o informador, deve estar atento às necessidades das crianças e às situações que devem ser criadas para que a aprendizagem aconteça.
Com relação ao papel do professor ao encontrar um aluno com dificuldade de aprendizagem, Carrera (2009, p.81), exemplifica como pode ser seus comportamentos contando uma “história sobre a escola dos animais”.
Era uma vez uma escola para animais. Os professores tinham certeza que possuíam um programa de estudos inclusivo, porém, por algum motivo todos os animais estavam indo mal. O pato era a estrela da classe de natação, porém não conseguia subir nas árvores. O macaco era excelente nas árvores mas era reprovado em natação. Os frangos se destacavam nos estudos sobre grãos, mas desorganizavam tanto a aula de subir em árvores que sempre acabavam na sala do diretor. Os coelhos eram sensacionais nas corridas, mas precisavam de aulas particulares de natação. O mais triste de tudo era ver as tartarugas, que, depois de vários exames e testes foram diagnosticadas como tendo “atraso de desenvolvimento”. De fato, foram enviadas para uma classe de educação especial numa distante toca de esquilos. A pergunta é: quem eram os verdadeiros fracassados?Esta história pode ajudar a compreender que cada estudante, cada ser humano é uma criação única. Possuímos uma série de talentos, capacidades e maneiras de aprender. [...]
Honora e Frizanco (2009, p.23) infirmam com relação a variedade de dificuldades dos alunos que:
Pensando na variabilidade de dificuldades que podem surgir, é de fundamental importância que o professor desenvolva uma ficha de caracterização para cada aluno, no intuito de registrar alguns elementos de comportamento e, a partir deles, poder construir seu planejamento voltado para as reais necessidades de cada aluno.
Cabe aqui uma frase de Marion Welchmann citada por José e Coelho (1990, p.131) “Se uma criança não pode aprender da maneira que é ensinada, é melhor ensiná-la da maneira que ela pode aprender.”
Acredita-se que o professor crítico, competente e ético deve questionar seu trabalho pedagógico com alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem: estou utilizando o melhor método com este aluno? Se houver alguma mudança metodológica estes alunos podem alcançar os objetivos propostos? O problema desses alunos é de ensinagem?
Com relação ao auxilio do professor para com o aluno com dificuldades de aprendizagem, José e Coelho (1990) ressaltam que o professor pode incentivar muito os alunos que apresentam problemas de aprendizagem através de uma relação saudável, afetiva e estável, respeitando a criança da maneira como ela é.
Acredita-se que para que a aprendizagem ocorra de uma forma natural é necessário que esta ocorra de forma prazerosa. Nesse sentido Maluf (2003, p.106) afirma: “Educadores, pais, dêem oportunidades a si mesmos e às crianças com as quais convivem, oportunidade de viver e aprender de uma forma mais gostosa, alegre, divertida e participativa”.
Conforme Morais (2006) o professor por estar em contato direto com o educando durante o processo de ensino aprendizagem, percebe de imediato o aluno que possui dificuldades, sendo importante que após essa constatação os problemas do aluno sejam vistos como consequência da dificuldade de aprendizagem e não como falta de vontade ou desleixo por parte do aluno, evitando-se assim rótulos inadequados. Tal evidência também é compartilhada por José e Coelho (1990, p.100) ao descreverem:
Para poder identificar o problema e ajudar na reeducação da criança, o professor, antes de mais nada, deve conhecer as dificuldades que ela enfrenta, evitando rótulos e distinguindo seus comportamentos como oriundos de vários aspectos, entre eles o emocional, o afetivo e o cognitivo.
Entende-se ser relevante um bom relacionamento professor-aluno, pois o aluno deve ver no professor alguém disposto a lhe auxiliar em todas as dificuldades. Nesse sentido Cury (2008, p. 102) recomenda que os professores: “Ouçam também seus alunos. Penetrem no mundo deles. Descubram quem são”. Dorin (1981, p.9) complementa descrevendo que um dos traços do bom professor é aquele que: “Interessa-se pela vida do aluno e procura compreendê-lo”.
Acredita-se que se o professor conhecer o aluno, ouvir o que ele tem a dizer, será muito mais fácil desenvolvê-lo plenamente conforme os objetivos educacionais. Com relação ao papel do professor Fonseca (1995, p.362) recomenda que “[...] deve estar apto a captar cientificamente e pedagogicamente as características do comportamento de aprendizagem das crianças”; ou seja, ele deve ser eficiente, competente e comprometido com o bom desempenho escolar de todos os seus alunos, principalmente com aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem. Rossini (2008, p.66) acrescenta com relação ao papel do professor que: “O professor deve estar atento aos obstáculos[4] que aparecem e orientar seus alunos na transposição dos mesmos”.
Entende-se ser relevante, que o professor prepare uma boa aula, uma aula atraente, tal evidência é compartilhada com Tiba (1998, p.31) ao apontar que: “Uma boa aula é como uma refeição: quanto mais atraentes estiverem os pratos que você, cozinheiro-professor dispuser sobre a mesa, mais os alunos desejarão saboreá-los.” Acredita-se que se for exposta uma aula de qualidade, atraente, o aluno que possui dificuldades de aprendizagem senta-se motivado ao aprendizado e esta motivação poderá fazer com que este supere tal dificuldade.
Dorin (1981, p.85) relata com relação a norma de conduta de um professor que:
A primeira, e talvez a mais importante norma de conduta de um bom professor, consiste em respeitar as diferenças individuais. Se ele não admitir que existem profundas diferenças entre as crianças e os adolescentes, e que elas devem ser respeitadas no trabalho escolar, ele se verá envolvido em um número enorme de problemas que tornarão seu trabalho pouco eficiente e cansativo.
Morais (2006) evidencia que após a identificação das dificuldades de aprendizagem, o primeiro passo é o professor respeitar essas dificuldades, sem tecer comentários maliciosos, respeitando seu ritmo e não expor de maneira constrangedora o mesmo diante da classe, sendo de grande importância que o professor converse com o aluno sobre suas dificuldades, pois essa atitude criará um clima tranquilo e sincero entre ambos, o qual facilitará a aprendizagem. Drouet (1990) acrescenta que o professor deve tratar os alunos com dificuldades de aprendizagem com paciência e principalmente, não deixá-los esquecidos no fundo da sala.
No contexto da dificuldade de aprendizagem entende-se ser importante que o professor não se considere auto suficiente com relação ao aprendizado que já possui, mas recomenda-se que o mesmo seja um pesquisador constante. Concorda-se com Tiba (1998, p.95) ao evidenciar: “È bom que os professores, ao encontrar dificuldades com alunos, troquem idéias entre si. Professores têm de somar. Um mísero mortal não enfrenta o Olimpo.” Acredita-se que assim como o professor transmite o aprendizado para os alunos, o mesmo também tem sempre algo novo a aprender, eis então a importância com relação as trocas de experiências como os demais profissionais.
Uma das alternativas para o professor trabalhar as dificuldades de aprendizagem é através dos jogos. Maluf (2003, p.61) adverte que: “É preciso sempre diversificar os jogos e as brincadeiras para aumentar as oportunidades de desenvolvimento e de aquisição de conhecimentos que os brinquedos podem oferecer” Bossa (2000, p.106) esclarece que:
Muitas vezes, uma criança não pode falar sobre os seus problemas porque não os conhece. A criança sofre, mas não sabe o que a faz sofrer. Não conhece a causa de alguns comportamentos e sentimentos que a prejudicam. Mas existe um jeito de falar, sem saber que está falando. Quando uma criança brinca, joga, desenha, faz histórias e outras coisas mais, revela sentimentos e pensamentos que desconhece, falando numa outra linguagem: a linguagem do desenho, do brinquedo, do jogo.
Considera-se então a importância do jogo, pois este pode ser uma ferramenta, que auxiliará o professor e o aluno, sendo que para o professor será uma estratégia a mais e para o aluno uma maneira divertida de aprender.
Entende-se ser importante também diversos tipos de brincadeiras, segundo Maluf (2003, p.19)
Brincar é tão importante quanto estudar, ajuda a esquecer momentos difíceis. Quando brincamos, conseguimos - sem muito esforço – encontrar respostas a várias indagações, podemos sanar dificuldades de aprendizagem, bem como interagirmos com nossos semelhantes.
Acredita-se que o professor que consegue alcançar êxito com seus alunos, fazendo com que aprendam é aquele que tem amor pela sua profissão. Rossini (2008, p.53) descreve que: “Um professor dinâmico, inteligente, entusiasmado, com alto astral, alegre, carinhoso, causa prazer, estimula a ação dos alunos e facilita a aprendizagem.” Entende-se que um professor que atinge todas essas qualidades é um educador que ama o que faz.
Com relação a aprendizagem, o professor e o aluno Carrera (2009, p.196) ressalta que: “ È fundamental trabalha com a criança e não para ela. Isto significa que na modificação da atitude frente a aprendizagem o professor pode e deve ser um bom modelo para que a criança utilize como referência.”
Sana (2005, p.108) resume a importância do professor para alunos com dificuldades de aprendizagens ao afirmar que:
PROFESSORES: o futuro de muitas crianças depende da sua observação, compreensão, colaboração, atenção, dedicação e carinho. Ao primeiro sinal de SOCORRO de seu aluno, comunique o fato à escola. O diagnóstico precoce evitará maiores transtornos. (Sana, 2005, p.108)
Outro fator que pode influenciar na aprendizagem é a presença familiar. Neste tocante Fonseca (1995) pontua que quando a criança inicia sua escolaridade passa por uma mudança brusca, pois deixa de viver exclusivamente no meio familiar considerado pela mesma como seguro para ir à escola o que pode parecer na maioria das vezes um lugar perigoso e inseguro. Deste modo evidencia-se a importância da presença familiar na escola.
As dificuldades de aprendizagem segundo Sana (2005) geralmente são percebidas pela família, porém as mesmas não procuram auxílio, pois querem acreditar que trata-se de algo passageiro; pois para muitos pais não é fácil admitir que o filho apresenta problemas de desempenho escolar. Este comportamento muitas vezes é prejudicial, pois em nada contribui para melhorar as dificuldades, pelo contrário, pode afetar o emocional da criança. Morais (2006, p.162) confirma a idéia ressaltando que:
Quando uma criança apresenta dificuldades para aprender, é comum que o professor, ou os pais, esperem por um “despertar” ou que a criança, mais cedo ou mais tarde, dê um “salto” e passe a acompanhar a classe. No entanto, esse momento mágico que se caracteriza pela superação das dificuldades partindo da própria criança, raramente acontece. O que, mais comumente, se acaba verificando é a automatização e o aumento das dificuldades, à medida que o programa escolar vai se tornando mais complexo.
Segundo Fonseca (1995, p.115) “Um bom ambiente familiar ou social que forneça a quantidade e a qualidade de oportunidades suficientes de interdependência entre adultos e crianças são condições mínimas requeridas para o desenvolvimento do potencial de aprendizagem.”
De acordo com Souza e Luz (2010) deve-se sempre manter um relacionamento de muito afeto e com limites em casa, valorizando os momentos em família e lembrando sempre de dizer o quanto ama seu filho. Com relação a família e a escola Tiba (1998, p.164) alerta que: “Quando os pais participam das reuniões propostas pela escola, em geral o desempenho escolar de seus filhos melhora”.
Ainda com relação à aceitação e cuidados especiais da família da criança que apresenta dificuldades de aprendizagem, Souza (2010, p.39) recomenda para os pais que: “Mostre aos filhos como podem passar pelas adversidades, desde muito cedo, para que aprendam a enfrentá-las de forma segura.” (SOUZA, 2010, p.39) Já Oliveira (1996, p.27) evidencia que: “Os pais são os principais formadores e educadores de seus filhos. A escola faz a sua parte, complementando o que nem sempre é possível obter na família.” Percebe-se que isso não é o que ocorre muitas vezes, pois muitas famílias delegam toda a responsabilidade de educar para a escola, a qual por sua vez não consegue dar conta.
Tiba (1998) ressalta que entre a escola e a família deve haver uma soma, assim entende-se que se escola e família estiverem unidas em prol de um mesmo objetivo o aprendizado terá mais chances de acontecer.
Bossa (2000, p.59) explica que: “Uma criança pode não aprender porque precisa de uma ajuda especial e seu professor e sua família não sabem disso.” Neste contexto torna-se visível a importância da união família escola, nesse sentido Tiba (1998, p.159) sugere: “ Uma vez detectadas as dificuldades relacionais do aluno, a escola poderia convocar os pais para uma reunião a seis[5] mãos, na qual serão estabelecidos os padrões que nortearão a educação daquela criança.” Cury (2008, p.15) complementa que: “ os filhos não precisam de pais gigantes, mas de seres humanos que falem a sua linguagem e sejam capazes de penetrar-lhes o coração.”
Rossini (2008) com relação ao carinho, amor e afeto afirma que estes devem ser a primeira preocupação, tanto dos pais, como dos professores antes mesmo da alimentação.
Carrera (2009, p.201) relata o papel da família com relação a criança com dificuldades de aprendizagem descreve que a mesma: “Sempre deve estar procurando maneiras de ajudá-las a potencializar suas habilidades, as quais podem de alguma forma compensar suas dificuldades.”
Nota-se que o comportamento de acolhimento e tratamento das dificuldades de aprendizagem de uma criança por parte da família é essencial, pois segundo Oliveira (1996, p.12) “Receber carinho fortalece a auto-estima”.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que é essencial um olhar pedagógico e clínico especial para com as crianças e jovens que apresentam dificuldades de aprendizagem, tanto por parte dos pais, como principalmente por parte dos educadores. Acredita-se que para melhorar as dificuldades de aprendizagem primeiramente deve se dar ênfase à identificação precoce, na maioria dos casos o professor é a primeira pessoa a identificar, sendo portanto muito importante na vida escolar desse aluno.
Tiba (1998, p.99) cita que: “Alguns professores abusam de seu poder em classe: preocupados apenas em dar aula, impõem seu conhecimento, sem verificar se os alunos estão preparados para recebê-lo.” Sugere-se aos professores que procurem constatar sempre se as dificuldades de seus alunos referem-se a problemas de aprendizagem? ou problemas de ensinagem?
Bossa (2000, p.18) deixa um recado aos professores dizendo: [...]“não desista de procurar respostas e principalmente não subestime a sua importância no processo ensino-aprendizagem do aluno.”
Acredita-se ser de extrema importância que família e escola trabalhem em conjunto com relação a educação, pois deste modo entende-se ser mais fácil para o aluno especialmente aquele que possui dificuldades de aprendizagem possa vir a superá-las e adquirir o aprendizado. Neste sentido Tiba (1998, p.15) afirma: “Não adianta a escola atribuir a educação de seus alunos aos respectivos pais nem os pais exigirem tal da escola tal função.”
Portanto acredita-se que se o aluno com dificuldades de aprendizagem tiver o apoio da família, um bom relacionamento com seus pares educativos e o professor dispor de atividades diferenciadas, lúdicas sempre eivadas de muito amor à aprendizagem poderá ocorrer de forma natural[6] e significativa.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Célia Maria Perracini de; FABRE, Luzia Viviane. Ajude a criança a superar seus problemas psicológicos. Paraná: Pinha, 1995.
BOSSA, Nadia A: Dificuldades de aprendizagem. O que são? Como tratá-las? Porto Alegre: Artmed, 2000.
CARRERA, Gabriela. (Org.) Dificuldades de aprendizagem: Detecção e estratégias de ajuda. Brasil: Cultural, 2009.
CURY, Augusto Pais brilhantes Professores fascinantes. A educação de nossos sonhos: formando jovens felizes e inteligentes. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
DIAS, Tatiane Lebre; ENUMO, Sônia Regina Fiorim. Criatividade e Dificuldade de Aprendizagem: Avaliação com Procedimentos Tradicional e Assistido. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa. Jan-Abr 2006, Vol. 22 n. 1, pp. 069-078. Presente site: WWW.scielo.br/pdf/ptp/v22n1/29846.pdf Acesso em: 06 mai. 2011.
DORIN, Lannoy. Enciclopédia de psicologia contemporânea. Psicologia aplicada a educação. São Paulo: Iracema, 1981.
DROUET, Ruth Caribé da Rocha. Distúrbios da Aprendizagem. 4.ed.São Paulo: Àtica, 1990.
FONSECA, Vitor da: Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2 ed. Ver. Aum. Porto Alegre: Artmed, 1995.
HONORA, Márcia; FRIZANCO, Mary Lopes Esteves. Dificuldades na escrita. Dislexia Disgrafia Discalculia Disortografia. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.
JOSÉ, Elisabete da Assunção; COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. 2 ed. São Paulo: Àtica, 1990.
MALUF, Angela Cristina Munhoz. Brincar: Prazer e Aprender. 7 ed. Petrópolis RJ: Vozes, 2003.
MENEZES, Luiz Carlos de. Como fica a questão da saúde na escola? In: Revista Nova Escola. São Paulo-SP, ano XXVI, n. 241, abr. 2011, p.98.
MORAIS, A. M. P. Distúrbios da aprendizagem. Uma abordagem psicopedagógica. 12. Ed. São Paulo: Edicon, 2006.
OLIVEIRA. Adilaurinda Ribeiro; OLIVEIRA. Lourdes Sirtoli de; SOUZA. Oralda Adur de. Livro dos pais 1. Pais, Filhos e Escola: Uma relação necessária. Curitiba PR: Base, 1996.
ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Aprender tem que ser gostoso. 5 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
SANA, Cristiane Cador. Por que meu filho não aprende? Blumenau SC: Eko, 2005.
SOUZA, Oralda Adur de; LUZ. Araci Asinelli. Família e escola em rede de proteção. Paraná: Base Sistema Educacional, 2010.
TIBA, Içami. Ensinar Aprendendo: Como superar os desafios do relacionamento professor-aluno em tempos de globalização. 24 ed. São Paulo: Gente, 1998.
Trabalho apresentado no:
X CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EDUCERE.
I SEMINARIO INTERNACIONAL DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO- SIRSSE.
UM NOVO OLHAR FRENTE ÀS
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
1
INTRODUÇÃO
2
O CONTEXTO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: TEORIAS, CARACTERÍSTICAS E O PAPEL
DO EDUCADOR
3
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GUERRA, L.B.
A criança com dificuldades de aprendizagem.
Rio de Janeiro: Enelivros, 2002.
FERNANDA APARECIDA DOLINE
Orientadora: Prof.ª
Ms. Rosana Beatriz Ansai.
RESUMO
A
função de ensinar não cabe somente à escola, pois antes de ingressar neste
ambiente, cada indivíduo carrega consigo um nível de conhecimento construído
pelo meio de experiências obtidas no seu cotidiano social e familiar. Sabe-se
que tais experiências são à base do comportamento do indivíduo, pois elas podem
interferir positiva ou negativamente na vida do indivíduo. Deste modo alguns
alunos podem encontrar dificuldades no decorrer da aprendizagem resultando no
fracasso escolar devido a diversos problemas encontrados durante a construção
do processo ensino aprendizagem ao longo de sua vida acadêmica. Após estas
considerações e análises o estudo tem como objetivo geral é descrever o
contexto da dificuldade de aprendizagem, suas teorias e características como
também entender qual o papel do educador frente a uma criança que apresenta
dificuldades de aprendizagem, sendo que mais especificamente busca-se: apontar
em que consistem as dificuldades de aprendizagem, descrever os diferentes tipos
de dificuldades de aprendizagem, apresentar quais as estratégias que possam
auxiliar frente às questões relacionadas às dificuldades de aprendizagem,
pesquisar como é o pensamento ação dos professores que trabalham com os alunos
que participam do Projeto de Apoio aos Alunos com Dificuldades de Aprendizagem
nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Para a coleta de dados optou-se pela
metodologia da pesquisa teórica bibliográfica isto porque os dados foram
coletados em fontes publicadas mecânica e eletronicamente. O estudo se situa na
área de abrangência das Ciências Humanas, mas especificamente no campo da
Pedagogia e Psicopedagogia. De outra forma possui elementos que limitam o
aprofundamento do estudo dos objetivos uma vez que as fontes de coleta de dados
se limitam a acervos pessoais, à biblioteca Dante Jesus Augusto da FAFI/UV e
acervos de algumas escolas e ainda da internet. A pesquisa se encontra na fase
de coleta dos dados.
Palavras - chave: Dificuldades de Aprendizagem.
Fracasso escolar. Projeto.
|
Os
indivíduos passam por diversos processos que são fundamentais para o
desenvolvimento humano. Muitos fatores são responsáveis para que este
desenvolvimento ocorra sendo estes: fatores sociais, culturais, valores
familiares, situação econômica, emocional, entre outros. Nota-se que no
processo de aprendizagem é preciso levar em conta estes fatores, pois é a
partir deles que se fundamenta o aprendizado.
A
função de ensinar não cabe somente à escola, pois antes de ingressar neste
ambiente, cada indivíduo carrega consigo um nível de conhecimento construído
pelo meio de experiências obtidas no seu cotidiano social e familiar. Sabe-se
que tais experiências são a base do comportamento do indivíduo, pois elas podem
interferir positiva ou negativamente na vida do indivíduo.
Na
escola nota-se que a aprendizagem pode fluir de maneira agradável e produtiva,
desde que se leve em conta que é fundamental que os professores conheçam o
processo de aprendizagem de seus alunos e estejam interessados nas crianças
como seres humanos em desenvolvimento. Observa-se, porém que nem sempre a
aprendizagem ocorre de maneira satisfatória para todos os alunos. Deste modo
alguns alunos podem encontrar dificuldades no decorrer da aprendizagem
resultando no fracasso escolar devido a diversos problemas encontrados durante
a construção do processo ensino aprendizagem ao longo de sua vida acadêmica.
Atualmente há um aumento
dos questionamentos por parte das escolas, que envolvem a qualidade do processo
de ensino aprendizagem dos alunos. Acredita-se que é indispensável que o
professor perceba seu aluno como um sujeito único, com sua história particular,
inserido num contexto que ultrapassa os muros da escola.
Para
otimização do seu trabalho nota-se que, o educador precisa ter consciência de como
cada grupo se organiza, de como ocorre a aprendizagem, sempre contextualizando
esse processo, com uma postura que facilite o desenvolvimento de seus alunos.
Muitas são as reclamações por parte dos professores quanto ao fracasso escolar,
reforçados por diversas causas como, por exemplo, à desestruturação familiar,
às desigualdades sociais, os problemas cognitivos, entre outros que vem a
refletir baixo no desempenho escolar.
Como estudante do processo
de aprendizagem e docência em cursos na área da Pedagogia entende-se a
importância do estudo do tema Dificuldades de Aprendizagem por constatar-se
que, alguns dos professores apresentam uma visão limitada e restrita deste
fenômeno, o que muitas vezes refletem na escola, no aluno ou no professor a
responsabilidade por este problema. Nota-se que essa visão míope das
dificuldades de aprendizagem de alguns alunos denota uma ausência de clareza
dos pressupostos que fundamentam a compreensão por parte dos professores,
equipe pedagógica e sociedade em relação à função social da escola e a visão
que se tem de sua ação pedagógica. Desse modo, as dificuldades de aprendizagem
passam a ser vista como um problema que tem sua causa somente no professor ou
no aluno.
O fato de se pensar em dificuldades de
aprendizagem é evidenciar a necessidade de se atuar na formação continuada dos
professores e maior estímulo aos alunos que tem este perfil. Somente a partir
da visão que os professores tiverem de sua prática profissional é que poderão
fazer uma leitura diferente e menos limitada de um problema tão questionado
quanto as dificuldades de aprendizagem na vida escolar.
Após estas considerações e
análises o estudo tem como objetivo geral descrever o contexto da dificuldade
de aprendizagem, suas teorias e características e o papel do educador frente a
uma criança que apresenta dificuldades de aprendizagem, sendo que mais
especificamente busca-se:
·
Pesquisar
sobre a perspectiva histórica das dificuldades de aprendizagem;
·
Apontar
o contexto das dificuldades de aprendizagem: teorias características e o papel
do educador;
·
Apresentar a classificação, diagnóstico e
avaliação das dificuldades de aprendizagem;
·
Descrever sobre as dificuldades de
aprendizagem e a visão psicopedagógica: um relato de experiência;
De acordo com a
classificação sugerida por Souza, Fialho e Otani (2007, p.35) a pesquisa é do
tipo acadêmica, pois consiste em uma “atividade de caráter pedagógico que visa
despertar o espírito de busca intelectual e autônoma [...]”.
Com
relação à técnica empregada para a coleta de dados optou-se com base nos
conceitos de Souza, Fialho e Otani (idem) pelo tipo de pesquisa acadêmica tendo
como característica pesquisa de documentação indireta, pois, de acordo com o
que apontam os autores sobre a técnica empregada para a pesquisa enquadrando-se
a características sendo indireta quando necessita de fontes de informações já
coletadas por outros autores.
O
estudo se situa na área de abrangência das Ciências Humanas, mas
especificamente no campo da Pedagogia e Psicopedagogia.
De outra forma possui
elementos que limitam o aprofundamento do estudo dos objetivos uma vez que as
fontes de coleta de dados se limitam a acervos pessoais, à biblioteca Dante
Jesus Augusto da FAFI/UV e acervos de algumas escolas e ainda da internet.
A pesquisa se encontra
estruturada da seguinte forma: na primeira parte encontra-se a Introdução que
contém os elementos metodológicos selecionados pelo pesquisador. Na segunda
parte, histórico e definições a respeito do tema. Na terceira parte um relato
de experiência na atuação profissional com crianças que apresentam dificuldades
de aprendizagem. Por fim referências utilizadas para elaboração da pesquisa.
|
2.1 A PERSPECTIVA HISTÓRICA DAS
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Desde o início da história da humanidade existem relatos
de discriminação e condutas brutas para com aqueles que são considerados
diferentes, eram submetidos a todos os tipos de humilhações e violências de
acordo com relatos de Wendt (2001) apud Silva (2008, p.2):
Desde os primórdios
da humanidade, existem relatos da marginalização e do tratamento estigmatizado
dado àqueles que são diferentes considerados “não normais” por não atenderem a
padrões preestabelecidos. Este relacionamento com o diferente, o “não normal”,
era até mesmo cruel e violento em parte das civilizações. [...].
De acordo com o autor,
percebe-se a maneira cruel que tratavam os ditos “não normais”, uma vez que ser
diferente na época era motivo para sofrimentos, pois a diferença não era aceita
pela sociedade daquele tempo.
O termo dificuldades de
aprendizagem surgiu apenas no ano de 1963, “[...] quando Samuel Kirk
popularizou o termo Dificuldades de Aprendizagem (learming disability) [...]”
(SILVA, 2008, p.2), até então as crianças que apresentavam estes problemas,
faziam parte do grupo de pessoas com necessidades especiais (PNE) sem um
aprofundamento do que realmente representava estes distúrbios.
De acordo com Silva (2008)
muitos outros autores pesquisaram sobre o tema, mas as observações feitas por
Kirk serviram de base para uma possível compreensão de órgãos ligados aos
interesses dos alunos como também para familiares. Assim como relata Sanchez
(1998) apud Silva (2008, p.3):
[...] as dificuldades
apresentadas pelas crianças eram inexplicáveis e, além de não se encaixarem na
educação especial, tampouco estavam relacionadas com o nível de inteligência,
ambiente familiar ou instrução oferecida, pois eram perfeitamente adequados:
usou o termo dificuldades de aprendizagem (Learning Desabilities) para
referir-se a problemas na aprendizagem acadêmica. Lançou, assim, uma proposta
educativa, não médica, deixando o problema possível de ser dividido e discutido
com, além de especialistas, pais professores, governo e a sociedade em geral.
De
acordo com Silva (2008), a proposta de Kirk proporcionou uma nova perspectiva
sobre o tema, possibilitando novos diagnósticos desta vez não somente da
medicina, mas do convívio do aluno na família, na escola e em sociedade.
Evidencia-se que apesar de esta proposta abranger a todos os interessados, as
dificuldades de aprendizagem tornaram-se problema apenas das escolas, as quais
necessitaram de muitos anos para inserir e diferenciar os métodos de trabalho pedagógico
para com as crianças que apresentavam tais distúrbios.
Por muitos anos, as crianças com dificuldades de
aprendizagem foram consideradas um problema dentro das salas de aula sendo
retiradas do convívio escolar, tendo como destino, na maioria dos casos, as
classes especiais, que atuavam como um depósito de educandos problemáticos cada
qual com um déficit diferente, porém tratados de forma padronizada. O que em
pouco solucionava os problemas apresentados pelas crianças e de acordo com Le
Boulch (1988, p. 27):
Ante a importância do
problema, ele se institucionaliza, o que significa que é encarado como um
fenômeno normal, e o lugar deixado às pedagogias dita “especiais” não cessa de
crescer. A criação dos GAPP (Grupos de ajuda Psicopedagógicos) e das classes de
adaptação resulta na colocação de duas escolaridades paralelas: uma, para
indivíduos ditos normais; a outra, para indivíduos- problemas. Nosso temor é de
que o sistema que contribuiu para manter e mesmo para criar os indivíduos –
problemas, seja mal adaptado para lhes assegurar depois do tratamento.
Toda
esta generalização e nova adaptação sejam com outros educandos ou até mesmo com
um novo estilo de trabalho do profissional que o recebia gerava um processo de
desmotivação da criança, podendo até mesmo criar um retrocesso contrariando o
objetivo principal das instituições que era o de sanar as dificuldades
apresentadas pelo aluno. Assim relata Jardim (2001, p. 18):
A
escola foi impondo exigências, ao tempo em que foi se abrindo a um maior número
de crianças, o que possibilitou não só o aumento das taxas de escolarização,
mas também dos processos de inadaptação. Os métodos utilizados podem ser
eficazes para a maioria das crianças, mas também podem segregar outras.
De
que acordo com estas idéias é possível concluir que a generalização dos
conteúdos trabalhados poderá atender uma parte dos alunos inseridos na
instituição, deixando de lado aqueles que não acompanham estes conteúdos
programáticos. Porém quando a equipe pedagógica tem consciência do que são as
dificuldades de aprendizagem, facilita a compreensão da causa do aluno não
aprender. Deste modo esclarece Fonseca (2009, p.139) a respeito do conceito
dado por Kirk às dificuldades de aprendizagem:
O
conceito de dificuldades de aprendizagem (DA) introduzido por Samuel Kirk em
1963 não é ainda hoje consensual, quer em termos de elegibilidade quer de
identificação. Todavia a condição de DA é amplamente reconhecida como um
problema que tende a provocar sérias dificuldades de adaptação à escola, e
frequentemente projeta-se ao longo da vida adulta.
De acordo com o que relata
o autor, ainda não se tem um acordo consensual tanto quanto à elegibilidade
como à quanto sua identificação por parte dos estudiosos sobre o assunto. No meio escolar percebe-se que há muitas
incertezas o que podemos concluir diante do que esclarece Fonseca (2009) é a
existência das dificuldades de aprendizagem e o reflexo delas na vida do
sujeito aprendente.
Muitas
vezes, alguns profissionais da educação tendem a procurar rótulos ou culpados
para os resultados não satisfatórios apresentados em sala de aula e por fim
acabam apontando o meio familiar em que o aluno está inserido como responsável
pela postura e comportamento deste sujeito na instituição escolar. Apontam
desculpas para os fatores que levam o aluno a se deparar com dificuldades de
aprendizagem, sendo algumas delas: a preguiça, o desinteresse, a desestruturação
familiar, entre outros, que muitas vezes são usadas pelos educadores como uma
maneira de tirar suas responsabilidades diante do fracasso. Neste sentido
informa Sá (2005, p. 63):
A verdade é que, naquele
grupo heterogêneo que é a turma, há alunos individualmente diferentes, com
ritmos e estilos de cognição diferentes e motivações diversas, constituindo um
“mapa de aprendizagens” totalmente
peculiar.[...] aqueles que aprendem menos que os outros, mais lentamente que os
outros, diferentemente dos padrões esperados; há os que pelo menos
aparentemente, nada aprendem – são os que fracassam na escola; e há os que
aprendem mais rapidamente que os demais, e que rapidamente se desinteressam das
atividades, tendo problemas de disciplinas.
Evidencia-se
que por causa destes rótulos e acusações em alguns casos despercebidas ou até
mesmo sem intenção de afetar o aluno, estes profissionais tendem a contribuir
para o agravamento dessas dificuldades, deixando o aluno cada vez mais
desmotivado a aprender e a frequentar a sala de aula. Por isso, enquanto
profissionais ligados à educação é necessário perceber o aluno como um indivíduo
com sentimentos e sujeito à realizações e frustrações, seja em sala de aula ou
fora do espaço escolar. É preciso que o professor motive o aluno e estabeleça
com ele um laço afetivo para que facilite o aprendizado de ambos.
A
escola age como mediadora preparando o aluno intelectual e socialmente recebendo-o
e tornando-o cidadão. Neste sentido relata Souza (2009, p.114):
A escola e os
professores são também importantes mediadores, pois interpõe-se entre a criança
e o aluno ao mundo social mais amplo e se responsabilizam por ensinar-lhes
conteúdos, por fazê-las aprender, por desenvolver sua inteligência e sua
afetividade. [...].
De acordo com estes
relatos é possível concluir que a escola contribui para a formação social e
intelectual do aluno, por este motivo entende-se que a escola ocupa um lugar de
extrema importância na vida do mesmo. Nela a criança aprende teorias e
comportamentos que vão refletir dentro e fora da instituição.
Da mesma maneira alguns
educadores apontam que a criança reflete na escola o comportamento que tem em
casa e, portanto é plausível afirmar que o comportamento escolar pode ser
repetido no convívio familiar.
2.2 O
CONTEXTO DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: TEORIAS E CARACTERÍSTICAS
Desde
o nascimento estamos aprendendo e passando por diversos processos de
aprendizagem assim como pontuam Piaget (1968), Freud (1920), Vygotski (1988),
Piletti (2003) e demais outros que dedicaram seus estudos voltados para a
compreensão do desenvolvimento e comportamento humano. Considerando as teorias
entende-se que o ser humano é um sujeito aprendente termo utilizado por Hugo
Asmamn (2003), ou seja, é capaz de construir aprendizagens. Porém nota-se que cada
aprendiz tem sua maneira e seu tempo para construir estas aprendizagens, diante
do que lhe desperta interesse. Se não forem respeitados estes requisitos
poderão futuramente resultar em fracassos na vida social ou escolar. Neste
sentido Dabas (1988) apud Rubinstein (2009, p.39) esclarece o conceito de
aprendizagem ao afirmar que:
[...] Aprendizagem é o processo pelo qual um
sujeito, em sua interação com o meio, incorpora a informação oferecida por
este, segundo suas necessidades e interesses. Elabora esta informação através
de sua estrutura psíquica, construída pelo interjogo do social, da dinâmica do
inconsciente e da dinâmica cognitiva, modificando sua conduta para aceitar
novas propostas e realizar transformações inéditas no âmbito que o rodeia.
(RUBINSTEIN, 2009, p.39)
Deste
modo pode-se concluir que ao aprender, o sujeito se familiariza com o meio que
foi inserido, captando as informações e selecionando- as de acordo com suas
necessidades e interesses e assim, por estar agregando novas informações passa
a modificar seu comportamento.
Nota-se
que a repetição de um comportamento não concretiza a aprendizagem torna-se
apenas um reforço do que já aprendeu. Neste
sentido assim como relata também PILETTI (2003, p.32) explica: “Só há
aprendizagem na medida em que houver uma mudança de comportamento”.
Os
insucessos na vida escolar de crianças que mesmo tendo as capacidades
intelectuais necessárias, não conseguem atingir o rendimento esperado pelos
professores, não aprendem como as demais crianças da turma, apesar de os
métodos utilizados serem os mesmos. Ainda assim não atingem os mesmos
resultados, são apontados por alguns educadores como sendo crianças com
dificuldades de aprendizagens, o que em alguns casos podem ser apenas
dificuldades escolares. De acordo com que relata Rubenstein (2009, p. 41):
[...] para
compreender o insucesso escolar é fundamental levar em consideração a
complexidade dos fatores envolvidos no processo ensino – aprendizagem.
Significa considerar o aluno, seu entorno e o modo como ocorreu à transmissão.
Sendo
assim pode-se concluir que os educadores precisam compreender o sujeito
aprendente respeitando todo o processo que este passa para construir suas
aprendizagens e maneira que são transmitidos os conteúdos para que ocorram
estas aprendizagens.
O
problema não é simplesmente que a criança tem dificuldade em acompanhar seus
colegas de turma, o que acontece é que seu desempenho não é compatível com o
seu próprio potencial. De acordo com as autoras Goméz e Terán (2009, p.95):
[...] Uma criança com
dificuldades de aprendizagem é aquela que não consegue aprender com os métodos
com os quais aprendem a maioria das crianças, apesar de ter bases intelectuais
apropriadas para a aprendizagem. Seu rendimento escolar está abaixo de suas
capacidades. [...] (GOMÉZ e TERÁN, p. 95)
A
partir destas análises pode-se evidenciar que as crianças com dificuldades de
aprendizagem precisam de um trabalho diferenciado e individualizado atendendo
especificamente a necessidade que apresenta, uma vez que estas não conseguem
aprender com os métodos tradicionais comum a todos da classe.
Levando
em consideração o fato de que todos somos aprendizes e que cada um tem uma
forma diferente para adquirir e assimilar os conhecimentos, é que se faz
necessária a observação das crianças que estão inseridas nas instituições
educacionais, se estas estão acompanhando o que esta sendo repassado e se os
métodos utilizados pelos educadores estão atendo as necessidades destas
crianças. Segundo informa Sá (2005, p. 67):
Não são apenas as
dificuldades de aprendizagem as causas do fracasso escolar – aliás, nunca há
uma causa única – nele estão presentes as dificuldades
de ensinagem, que muito contribuem para intensificar as dificuldades de aprendizagem.
(grifos da autora)
De
acordo com esta autora o fracasso escolar não se justifica apenas pelas
dificuldades encontradas pelos alunos, as dificuldades de ensinagem termo
utilizado pela autora, é o resultado de múltiplos fatores intra- escolares tais
como o contexto emotivo e a relação professor aluno, ou os conteúdos
programáticos que podem estar envolvidos na ação de ensinar e do não aprender.
As
crianças com dificuldades de aprendizagem não são crianças incapazes, apenas
apresentam alguma dificuldade para aprender, seu aprendizado é mais lento e ela
necessita de maior atenção por parte dos educadores.
De
acordo com Guerra (2002, p. 64) as crianças que apresentam dificuldades de
aprendizagem não podem ser confundidas com crianças que apresentam quadros de
deficiência, pois:
[...] crianças com
dificuldades de aprendizagem não são deficientes, não são incapazes e, ao mesmo
tempo, demonstram dificuldades para aprender. Incapacidades de aprendizagem não
devem ser confundidas com dificuldades de aprendizagem.
Ainda
na análise de Guerra (idem) as dificuldades no aprendizado não devem ser
comparadas com deficiência, e muito menos comparadas com incapacidade de
aprendizagem, uma vez que a criança que apresenta dificuldades de aprendizagem
tem capacidade de aprender, porém necessita de um tempo maior para assimilar os
conhecimentos. De outra forma ela não consegue construir suas aprendizagens de
maneira tradicional, pois precisa que sejam diversificados tanto os conteúdos
como a didática de sala de aula para que esta possa realizar o processamento
das informações e construção do conhecimento.
De acordo com Strick e Smith (2001) apud Silva
(2008, p.6), as dificuldades de aprendizagem não são apenas um único distúrbio,
mas um conjunto de problemas que podem afetar o indivíduo no seu desempenho
escolar:
[...] as dificuldades de
aprendizagem refere-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de
problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico. As
dificuldades são definidas como problemas que interferem no domínio de
habilidades escolares básicas, e elas só podem ser formalmente identificadas
até que uma criança comece a ter problemas na escola. As crianças com
dificuldades de aprendizagem são crianças suficientemente inteligentes, mas
enfrentam muitos obstáculos na escola. São curiosos e querem aprender, mas sua
inquietação e incapacidade de prestar atenção tornam difícil explicar qualquer
coisa a eles. Essas crianças têm boas intenções, no que se refere a deveres e
tarefas de casa, mas no meio do trabalho esquecem as instruções ou os
objetivos.
Neste
sentido pode-se chegar à conclusão que estas crianças expressam a necessidade
de aprender, mas por apresentarem alguns comportamentos como a inquietação e a
incapacidade de prestar atenção este aprendizado não se concretiza e assim
acabam perdendo com estes comportamentos as principais informações passadas
pelos educadores, tornando-as então incapazes de realizar as atividades
solicitadas, o que abala o auto-estima delas.
De
acordo com Fonseca (1995, p. 252) as principais características dos alunos que
apresentam dificuldades de aprendizagem são as seguintes:
[...] dificuldades de
aprendizagem nos processos simbólicos: fala, leitura, escrita, aritmética,
etc., desenvolvimento (saúde, envolvimento familiar estável, oportunidades
sócio-culturais e educacionais, etc.) A criança com DA manifesta uma
diversidade de comportamentos que podem ou não ser provocados por disfunção
psiconeurológica.Manifesta frequentemente dificuldades no processo de
informação quer no nível de recepção, quer ainda no nível interativo e
expressivo.
Deste
modo Fonseca (idem) explica que, as dificuldades podem ou não ser resultantes
de problemas neurológicos. Observa-se diante dos resultados apresentados pelos
alunos em sala de aula, que estas dificuldades se manifestam no começo da vida
escolar da criança. No momento em que está recebendo as informações interagindo
e assimilando-as, para então processar para os futuros anos escolares. Sabe-se
que são nos primeiros anos que o sujeito aprendente forma a base de seus
conhecimentos e estes precisam ser reforçados ou relembrados pelos professores
para que no futuro as pequenas falhas de assimilação e compreensão não resultem
no fracasso escolar.
Muitas
abordagens são feitas para definir as dificuldades de aprendizagem, porém no
presente estudo acredita-se que a descrição apontada por Strick e Smith (1997)
apud Correia e Martins (2010, p.8) informam que:
“Dificuldades de
aprendizagem” é um termo genérico que diz respeito a um grupo heterogêneo de
desordens manifestadas por problemas significativos na aquisição e uso das
capacidades de escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou matemáticas. Estas
desordens presumivelmente devidas a uma disfunção do sistema nervoso central
são intrínsecas ao indivíduo e podem ocorrer durante toda a sua vida. Embora as
dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras
condições de incapacidade (por exemplo, privação sensorial, deficiência mental,
perturbação emocional grave) ou com influências extrínsecas (tal como
diferenças culturais, ensino inadequado ou insuficiente) elas não são devidas a
tais condições ou influências.
Deste modo entende-se que as
dificuldades de aprendizagem provêm de um grupo heterogêneo de desordens, que
se manifestam no indivíduo no momento em faz a aquisição e uso das capacidades
voltadas para a aprendizagem as quais podem ser tanto intrínsecas como
extrínsecas do sujeito.
Cada
criança apresenta um comportamento diferente ao receber informações, e a
criança com dificuldades também apresenta comportamentos diferenciados necessitando
de auxílio e maior atenção individual para que possam absorver os conhecimentos
transmitidos.
As crianças com
dificuldades de aprendizagem apresentam comportamentos e condutas diferenciadas
das demais crianças da instituição escolar. Neste sentido, de acordo com Jardim
(2001, p.113):
A
criança com dificuldades de aprendizagem possui, no plano educacional, um
conjunto de condutas significativamente desviantes da população escolar em
geral.
Entretanto,
não é uma criança deficiente – vê e ouve bem, comunica-se e não possui uma
inferioridade mental global. Ela acusa problemas de comportamento e pouco se
beneficia dos programas escolares regulares, não atingindo, muitas vezes, as
exigências e os objetivos educacionais mínimos. Trata-se de uma criança normal
em alguns aspectos, mas desviante e atípica em outros, que por si só, exigem
processos de aprendizagem que não se encontram disponíveis nas salas de aulas
ditas normais. (JARDIM, 2001, p.113)
Sendo assim evidencia-se
que a respeito das características do aluno que apresenta dificuldades de
aprendizagem, este indivíduo não possui deficiência física. Com este aluno os
conteúdos programáticos tradicionais não atendem suas necessidades educacionais,
pois precisam ser trabalhados com recursos pedagógicos diferenciados.
Quando não compreendida a
criança poderá revelar comportamentos agressivos ou isolar-se como formas de defesa
para enfrentar o que é novo para ela e de difícil assimilação passando a ser
rotulada por alguns educadores como alunos indisciplinados, com falta de
vontade, preguiça entre outros. Neste sentido relata Rubenstein (2009, p. 41)
declara que: “Ocorre que muitos dos educadores ofuscados pelo sucesso da
minoria esperam o sucesso incondicional de todos”.
Desta forma nota-se que
alguns dos educadores acabam buscando o sucesso de todos da turma, muitas vezes
tomam por base apenas uma parte dos alunos que estão inseridos na sala de aula,
deixando de lado aqueles que apresentam problemas e necessitam de atenção
individual.
Diante
da experiência adquirida com atuação profissional docente com alunos que
apresentam dificuldades de aprendizagem, observou-se que as dificuldades não
são uma característica do aluno, observação feita também por Fonseca (2003), o
que podemos caracterizar é o tipo de dificuldade que este encontra ao construir
a aprendizagem.
As
dificuldades de aprendizagem podem ser reveladas de diversas formas ou de modos
variados e em diferentes momentos. Estas dificuldades fazem com que a criança
tenha uma linha desigual em seu desenvolvimento acadêmico resultando em atrasos
no processo de ensino aprendizagem. Nota-se que as dificuldades de aprendizagem
encontradas pelo indivíduo no decorrer de seu aprendizado poderão futuramente
contribuir para que a criança se depare com diversos obstáculos para conduzi-lo,
porém constata-se que é difícil para os educadores compreender tais
dificuldades.
Tendo
ainda como referencial o trabalho de Fonseca (1995) sobre a questão das
dificuldades de aprendizagem, evidencia-se sua contribuição para a caracterização
mais abrangente destas dificuldades a partir de suas manifestações. Na
diversidade de comportamentos que as crianças com tais distúrbios desenvolvem,
surgem inúmeros problemas que se vinculam e comprometem a aprendizagem. Segundo
o autor, esses problemas podem ser tanto cognitivos, como perceptivos,
emocionais, entre outros, que de alguma forma estão interligados e tendem a
gerar problemas de comportamento, tão freqüentes em crianças com dificuldades
de aprendizagem.
A
variação no desempenho escolar deve ser entendida de forma relativizada, pois o
conceito de padrão ou normalidade poderá ser confundido com algum desempenho
maior em um determinado momento e menor desempenho em outro do seu aprendizado
analisa Fonseca (2003). Mas, o grande problema que se evidencia é que o
cotidiano escolar dá ênfase a uma aprendizagem tranqüila, sem problema, com
facilidades, unindo-se com a prática de um procedimento de ensino que é único
para todos, que não permite a possibilidade de modos distintos e diferenciados
de ensinar, nem de aprender.
A atualidade é marcada
pela multiplicidade de pesquisas, muitas de cunho interdisciplinar, sobre o
fracasso escolar. Esses estudos não negam a importância dos fatores intra-
escolares na origem das dificuldades de aprendizagem onde estas em comum têm a
critica da seletividade social, a inadequação das instituições que recebem as
crianças, a falta de compreensão da realidade dos alunos por parte de alguns
dos educadores e destacam a importância da escola no processo de transformação
social do indivíduo.
2.3 CLASSIFICAÇÃO, DIAGNÓSTICO E
AVALIAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
As escolas, professores e
a família poderão identificar as dificuldades de aprendizagem através de
diversas observações feitas no cotidiano da criança, por meio de dados
escolares, comportamentais e dados médicos. Todas estas informações coletadas e
também a convivência com a criança contribuirão para ajudar a compreender e a
intervir pedagogicamente se necessário. Toda informação vinda do cotidiano seja
em qualquer momento da vida escolar do indivíduo torna-se importante para o
diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem como por exemplo:
período de ingresso na escola, comportamento em casa, de que maneira se
socializa no ambiente escolar e fora dele, o desempenho escolar, etc. Todas as
informações coletadas contribuirão para analisar as hipóteses levantadas pelos
educadores referentes às dificuldades de aprendizagem.
Para que não sejam feitas
análises errôneas evidencia-se que é preciso que sejam levadas em consideração
que a qualquer sinal de alguma dificuldade a mesma precisa ser compreendida e
desvinculada de qualquer conceito ou referência de sucesso ou fracasso escolar.
As
dificuldades de aprendizagem podem ser reveladas de diversas formas como também
por variados comportamentos e em diferentes momentos. Estas dificuldades de
aprendizagem fazem com que a criança apresente um desempenho desigual em seu
desenvolvimento escolar quando comparadas às demais crianças da turma com bom
ritmo de aprendizagem na compreensão e assimilação dos conhecimentos
ministrados no decorrer dos anos letivos resultando um atraso no seu processo
de aprendizagem.
De
acordo com Silva (2008) o diagnóstico tem como objetivo coletar o maior número
de informações a respeitos dos indivíduos em estudo, considerando todo o
contexto em que este esteja inserido:
[...] a importância
do diagnóstico, tendo como objetivo coletar informações precisas e confiáveis
sobre a competência da criança. Isso pode ser feito através de provas formais
de habilidades e sucesso acadêmico que demonstrem se o desenvolvimento da
criança esta alterado ou atrasado. E para que essa avaliação seja boa, ela deve
considerar todo o contexto no qual o sujeito está inserido. As informações
sobre o desenvolvimento normal é que nos dão orientação sobre onde reside o
problema da criança com dificuldades. [...].
Deste modo entende-se que,
para de fato haver um diagnóstico preciso faz-se necessário que todas as
informações a respeito da criança apontada com dificuldades de aprendizagem
sejam fornecidas, mais uma vez é importante ressaltar a necessidade da corrente:
família, educador e escola.Isto se deve ao fato de que para coletar tais
informações específicas somente com a colaboração de todos é que o grupo de
profissionais incumbidos do diagnóstico poderá ter sucesso no levantamento dos
dados e identificação da ou das dificuldades de aprendizagens.
Nota-se que quanto mais
precoce for feita a identificação destas dificuldades maior será a
probabilidade da criança ser inserida novamente no processo educacional, já que
assim os educadores poderão diversificar seu fazer pedagógico, possibilitando
assim a compreensão dos conteúdos por parte de todos os alunos, não somente
daqueles que são apontados como alunos “normais”. Observa-se que as
preocupações com os alunos que não acompanham os demais colegas da sala de aula,
se voltam para a observação e verificação dos principais indicadores para que
se proceda a identificação das dificuldades de aprendizagem. Segundo informam
Correia e Martins (2010, p. 12 e 13) estes indicadores poderão ser observados
através de duas listas de verificação. A seguir apresenta-se o quadro 1 que
contém os indicadores de diagnóstico de dificuldades de aprendizagem a ser
verificada por pais e professores:
Lista de Verificação
Conjunto de
sinais que podem ser indicadores de Dificuldades de
Aprendizagem:
O indivíduo
tem problemas em:
Organização
Conhecer as
horas, os dias da semana, os meses e o ano;
Gerir o
tempo
Completar
tarefas
Encontrar
objetos pessoais
Executa
planos
Tomar
decisões
Estabelecer
prioridades
Sequencialização
Coordenação Motora
Manipular
objetos pequenos
Desenvolver
aptidões de independência pessoal
Cortar
Estar
atento ao que o rodeia
(muito dado
a acidentes/ tropeça com frequência)
Desenhar
Escrever
Subir e
correr
Desportos
Atenção e concentração
Completar
tarefas
Agir depois
de pensar
Esperar
Relaxar
Manter-se
atento
(sonhar
acordado)
Distração
Comportamento Social
Iniciar e
manter amizades
Julgar
situações sociais
Impulsividade
Tolerância
à frustração
Interações
Aceitar
mudanças nas rotinas diárias
Interpretar
sinais não verbais
Trabalhar
em cooperação
|
Linguagem
falada ou escrita
Aquisição
da fala
Articular
Aprender
vocabulário novo
Encontrar
palavras certas
Rimar
palavras
Diferenciar
palavras simples
Leitura e
/ou escrita
(dá erros frequentes
tal como reversões (b/d), inversões
(m/w),
transposições
(ato/ota) e
substituições;
(carro/cama)
Seguir
instruções
Compreender
ordens
Contar
histórias
Discriminar
sons
Responder a
perguntas
Compreender
conceitos
Compreensão
da leitura
Soletrar
Escreve
histórias e textos
Memória
Recordar
instruções
Recordar
fatos
Aprender
conceitos
Matemáticos;
Reter
matérias novas
Aprender o
alfabeto
Transpor
sequências numéricas
Identificar
sinais aritméticos
(+, -, x,
:,=)
Identificar
letras
Recordar
nomes
Recordar
eventos
Estudar
para os testes
|
Quadro 1: Quadro de identificação de
Comportamentos dos alunos com Alunos com Dificuldades de aprendizagem.
Fonte:
ESCALA DE COMPORTAMENTO ESCOLAR apud Correia e Martins (2010, p.12).
A seguir apresenta-se o
Quadro 2 que demonstra como verificar os comportamentos para que pais e
educadores possam identificar a partir dos indicadores da linguagem, da
memória, da atenção, da motricidade fina e das outras funções por acompanhamento do nível escolar da criança
para que se desvele as das dificuldades da mesma na escola e que merecem um
tratamento psicopedagógico:
Pré- escola
|
Níveis Iniciais
|
Níveis Médios
|
Níveis Superiores
|
|
Linguagem
|
Problemas
de articulação. Aquisição lenta de vocabulário.
Falta
de interesse em ouvir histórias.
|
Atraso
na descodificação de leitura. Dificuldades em seguir instruções. Soletração
pobre.
|
Compreensão
pobre de leitura. Pouca participação verbal na classe. Problemas com palavras
difíceis.
|
Dificuldades
em argumentar problemas. Problemas na aprendizagem de línguas estrangeiras.
Expressão escrita fraca. Problemas em resumir.
|
Memória
|
Problemas
na aprendizagem de números, alfabeto, dias da semana, etc. Dificuldades em
seguir rotinas.
|
Dificuldades
em recordar fatos. Problemas de organização. Aquisição lenta de novas
aptidões. Soletração pobre.
|
Dificuldades
em recordar conceitos matemáticos. Dificuldades na memória imediata.
|
Problemas
em estudar para os testes. Dificuldades na memória de longo termo.
|
Atenção
|
Problemas
em permanecer sentado (quieto). Atividade excessiva. Falta de persistência na
tarefa.
|
Impulsividade,
dificuldade em planificar. Erros por desleixo. Distração.
|
Inconstante.
Difícil autocontrole. Fraca capacidade para perceber pormenores.
|
Problemas
de memória devido a fraca atenção. Fadiga mental.
|
Motricidade fina
|
Problema
na aquisição de comportamentos de autonomia (exemplo: apertar os cordões dos
sapatos). Desajeitado. Relutância para desenhar ou tracejar.
|
Instabilidade
na preensão do lápis. Problemas na componente grafomotora da escrita (forma
das letras, pressão do traço, etc.).
|
Manipulação
inadequada do lápis. Escrita ilegível, lenta ou inconsistente. Relutância em
escrever.
|
Diminuição
da relevância da motricidade fina.
|
Outras funções
|
Problemas
na aquisição da noção de direita ou esquerda (possível confusão Visio-espacial).
Problemas nas interações (aptidões sociais pobres).
|
Problemas
com a noção de tempo (desorganização temporal seqüencial). Domínio pobre de
conceitos matemáticos.
|
Estratégias
de aprendizagem fracas. Desorganização no espaço ou no tempo. Rejeição por
parte dos pares.
|
Domínio
pobre de conceitos abstratos. Problemas na planificação de tarefas.
Dificuldades na realização de exames, testes...
|
QUADRO
2- Quadro de verificação de comportamentos de crianças com Dificuldades de Aprendizagem.
Fonte:
LISTA DE VERIFICAÇÃO LEVINE apud Correia e Martins (2010, p. 13)
Através da sugestão dos quadros
apresentados acredita-se que pais e professores poderão acompanhar a criança
coletando informações, possibilitando a elaboração de dados para que se
necessário for, seja feita intervenção de um profissional por meio de dados
precisos e com objetivo de minimizar ou até mesmo suprimir os problemas
verificados.
Para
além dos conceitos sobre as dificuldades de aprendizagem, necessário se faz
apresentar algumas classificações deste fenômeno na escola. De antemão sabe-se
por leituras realizadas (Garcia, 1998, Jardim, 2001, Fonseca, 1995 e o manual
ano) que os autores não são unânimes no momento da classificação das
dificuldades de aprendizagem. No presente estudo apresenta-se um conjunto de
classificação usando-se como critério empírico a experiência docente da
pesquisadora no Projeto de “Apoio aos Alunos com Dificuldades de Aprendizagem”
do Programa Universidade Sem Fronteiras Sub Programa Apoio às Licenciaturas
financiado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Paraná (SETI).
Antes
de se apresentar a classificação julga-se importante reportar-se a alguns
conceitos segundo apresenta Jardim (2001, p.108 – 111) no quadro a baixo:
Disfunções cerebrais
|
||
Da linguagem falada
|
||
Disnomia: dificuldade de lembrar palavras
ou designar objetos e lugares;
|
||
Disfasia: distorção ou emissão de palavras,
utilização incorreta dos tempos dos verbos e outras imprecisões gramaticais;
|
||
Dislalia: dificuldade de articular palavras
ou atraso da fala;
|
||
Dislogia: perturbação da expressão verbal
por defeito da inteligência; ocasiona parada súbita no meio da frase;
|
||
Disartria: alteração da linguagem devida a
defeitos articulatórios ou problemas neurológicos;
|
||
Deficiência mental: situação estável e não
progressiva de uma insuficiência ou inadequação intelectual que se origina
durante o período de desenvolvimento e impede o ajustamento social
independente;
|
||
Disfonia: alteração da voz e da palavra.
|
||
Da
linguagem escrita
|
||
Dislexia: dificuldade patológica de ler e
compreender palavras;
Disgrafias: dificuldade de escrever
palavras;
Disortografia: dificuldade ou incapacidade
de transcrever corretamente a linguagem oral, havendo trocas ortográficas e
confusão de letras.
|
||
Da
linguagem quantitativa
Discaulculia: dificuldade em aprender
aritmética.
|
||
Problemas perceptivos
|
||
Do processo auditivo
|
Do processo visual
|
|
·
Discriminação
·
Síntese
·
Memória de curto prazo
·
auditorização
|
·
discriminação
·
figura – fundo
·
complemento
·
constância da forma
·
posição e relação espacial
·
visualização
|
|
Problemas psicomotores
|
||
·
dificuldades posturais
·
problemas de lateralidade
·
imagem do corpo
·
estruturação espaço – temporal
·
praxia global
·
praxia fina; ou visuomotricidade; destralidade
|
||
Afecções biológicas
|
||
Do sistema nervoso central
|
||
·
Lesões
cerebrais;
·
Paralisia cerebral: forma de encefalopatia crônica não
– evolutiva, na qual são predominantes os distúrbios de motricidade;
·
Epilepsia: condição clínica caracterizada por abalos
musculares crônicos permanentes que interessam um segmento corpóreo.
|
||
Dos sistemas sensoriais
|
||
·
Deficiência auditiva: audição prejudicada por doenças,
não se ouve direito, provocando dispersão da atenção; hipoaclisia;
·
Deficiência visual: dificuldade em enxergar o que se
escreve a determinada distância; amblopia.
|
||
Problemas
de comportamento
|
Fatores
ecológicos e socioeconômicos
|
|
·
Hiperatividade
·
Imaturidade socioemoconal
·
Distrabilidade
·
Impulsividade
·
Hostilidade
·
Dependência
·
Neuroses
·
Psicose
|
·
Envolvimento afetivo
·
Desnutrição
·
Privação cultural
·
dispedagogia
|
|
Quadro
3: Quadro dos Tipos de Dificuldades de Aprendizagens
Fonte:
TIPOS
DE DIFICULDADES apud Jardim (2005, p.108-111).
De acordo com que pontua o
autor, é possível concluir que não devemos tratar as dificuldades de
aprendizagem como se estas fossem problemas sem solução. Compreendê-las e conhecê-las
pode ser o primeiro passo.
Como educadores e
profissionais da educação devemos vê-las como desafios que fazem parte do
processo ensino-aprendizagem. Tornando-se necessária a identificação e
prevenção o mais precocemente possível destes distúrbios.
2.4 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO FRENTE ÀS
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Atualmente observa-se que
são bastante expressivos os relatos dos educadores sobre o elevado número de
alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem. Porém identificar e diagnosticar
uma criança com problemas de aprendizagem é algo muito complexo, pois se deve levar
em consideração muitos elementos de observação e avaliação. Como por exemplo,
fatores biológicos, as causas, o ambiente social e escolar entre outros para
que esta identificação não seja errônea. Segundo informa Jardim (2005, p. 106) sobre
a: “identificação e o diagnóstico das dificuldades de aprendizagem são um
problema complexo, visto que devem basear-se em fatores psiconeurológicos e a
investigação devem ser fidedignas”.
Deste modo entende-se que
os envolvidos no processo de identificação e diagnóstico das dificuldades de
aprendizagem devem fornecer as informações mais fidedignas possíveis para que o
diagnóstico seja preciso.
É
importante destacar que o aluno com dificuldades de aprendizagem nem sempre é
identificado como tal por conseguir alcançar o desempenho mínimo necessário
para ser aprovado. É o baixo rendimento, que leva ao insucesso escolar, às
baixas notas, que indica os alunos que podem ter dificuldades, destacando-se do
seu grupo de sala de aula. Essa forma de sobressair-se pode acarretar
consequências no âmbito do grupo que nem sempre são positivas para o sujeito.
Na
análise de Silva (2008, p.11) amparado nas idéias de Fonseca (1995), sobre a identificação
das dificuldades de aprendizagem na escola:
Na verdade, o que
ocorre na prática é que os alunos com dificuldades de aprendizagem são
identificados com base em critérios pedagógicos arbitrários, senão em pareceres
e avaliações médicas (pediátricas, neurológicas ou psiquiátricas) ou
psicológicas tradicionais: os testes mais freqüentes utilizados por estes
últimos não passam por quaisquer tipos de adequação ou conversão educativa.
Conhecer a criança em sua totalidade respeitando todo o
seu processo de construção e assimilação do conhecimento é elemento fundamental
para compreendê-la quando está esteja apresentando sinais de dificuldades de
aprendizagem, pois cada um dos aprendentes possui estratégias diversificadas no
momento do aprendizado. Assim como
informa Fonseca (2009, p. 159): “Cada criança ou jovem com Dificuldades de
Aprendizagem deve ser identificada como um indivíduo total, dadas as
características únicas do seu perfil de desenvolvimento e de aprendizagem
(diferenças intra- individuais) [...]”.
Assim
evidencia-se que o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem possui características únicas,
oriundas do seu perfil de desenvolvimento e de aprendizagem, as quais não podem
e não devem ser comparadas a qualquer outro aprendente uma vez, que estas são
muito pessoais.
As
relações sociais dos indivíduos construídas desde o nascimento até a idade
escolar é que formam o princípio da educação do mesmo, aprofundando os
conhecimentos nas instituições escolares. Durante todo este intervalo entre o
nascimento até a fase escolar pode-se ocultar traumas que poderão resultar em
dificuldades de aprendizagem. Neste sentido Fonseca (2009, p. 159, 160):
Todo o processo de
interação da criança ou jovem desde que nasce até que entra para as
instituições escolares é a chave determinante para identificar sinais de risco
que interferem com a maturidade e qualidade dos pré-requisitos que podem
tender, mais tarde, para as Dificuldades de Aprendizagem ao longo do processo
escolar.
(FONSECA, 2009, p.
159, 160).
Deste modo é possível
concluir que, toda história de vida dos estudantes deve ser levada em
consideração não somente a vida escolar, mas também familiar e a social em conjunto.
Segundo Fonseca (idem) antes de entrar na instituição escolar a criança já
passou por experiências que podem tender no futuro para as Dificuldades de
Aprendizagem revelando no decorrer do processo escolar.
Quando
a criança é encaminhada para uma avaliação psicopedagógica é porque esta já passou
por uma avaliação. O psicopedagogo fará então uma avaliação mais minuciosa levando
em consideração a todos os dados anteriores que já lhe foram entregues por
pais, professores, médicos, enfim de todos os envolvidos com a criança a ser
avaliada.
A
respeito da avaliação psicopedagógica Fonseca (2009, p. 166, abreviação do
autor), informa o seguinte: “A avaliação no âmbito das DA terá de ser de índole
multi e transdiciplinar, envolvendo em termos ideais, no mínimo, as componentes
médicas, psicológica e pedagógica exercidas por profissionais especializados.”
Conforme
informa Fonseca (idem) a avaliação referente às dificuldades de aprendizagens
precisam de laudos de diversos profissionais incluindo os dados pedagógicos, ou
seja, não sendo correto o diagnóstico de apenas um profissional ou de um
profissional desabilitado.
Segundo Fonseca (2009, p.
166), dois tipos de avaliação psicopedagógica podem ser feitas, sendo estas
referidas no Quadro 4 a seguir:
Avaliação
psicopedagógica dinâmica
|
Avaliação
psicopedagógica de acordo com o ensino clínico
|
Esta avaliação centra-se num processo de
intervenção mediatizada que visa estimar, encorajar e promover a capacidade
de aprendizagem dos alunos e não avaliar o seu potencial intelectual
retrospectivo, habitualmente inadequado para as DA, por dar informações
limitadas para o processo de decisão sobre a intervenção que se lhe deve
seguir.
|
Implica um programa educacional
individualizado (PEI), dado que aponta para a modificabilidade cognitiva dos
alunos e para um processo de avaliação-intervenção mais complexo, que agrega
aspectos de análise comportamental e funcional, de competência linguística e
de seleção de serviços e equipamentos.
|
Quadro 4: Avaliação psicopedagógica
Fonte: TIPOS DE AVALIAÇÃO PSICOPEDÁGICA apud
Fonseca (2009, p.166).
Diante deste quadro percebe-se que a
avaliação mais indicada é a avaliação psicopedagógica de acordo com o ensino
clínico uma vez que esta preza para o atendimento individualizado, agregando a
análise comportamental e funcional diversificando o atendimento e os
equipamentos utilizados para avaliar.
O
autor ainda informa que para que esta avaliação obtenha resultado precisa de
modificações em algumas áreas:
No âmbito do ensino
clínico, há que prever modificações: no contexto da organização escolar; no
arranjo espaço – temporal da sala de aula; na instrução e na adaptação do
currículo; na promoção de competência e habilidades cognitivas de organização,
de atenção, de escuta e escrutínio, de processamento e planificação de
estratégias de análise de tarefas, etc.
(Fonseca,
2009, p.166 - 167)
Seguindo as orientações do autor a instituição
remodelaria a escola para atender as crianças com dificuldades. É um processo
de inclusão destas crianças à nova estrutura educacional a qual por este modelo
poderá agregar valor e desenvolver a capacidade de resposta ao sistema de
ensino na sua totalidade.
Segundo
Fonseca (2009), a sociedade em geral e a escola em particular, assim como todos
os seus agentes que lidam direta ou indiretamente com o desenvolvimento do
potencial humano, ainda desconhecem as vantagens e os benefícios que tem o
trabalho de intervenção do psicopedagogo.
|
O primeiro contato com o Projeto de Apoio aos Alunos
com Dificuldades de Aprendizagem do Programa Universidade Sem Fronteiras Sub
Programa Apoio às Licenciaturas financiado pela Secretaria de Ciência e
Tecnologia do Estado do Paraná (SETI) foi através do voluntariado como
acadêmica do 1º ano do curso de Pedagogia em 2008. Como voluntária, pode-se
constatar de que forma as bolsistas atuavam e qual era a finalidade do mesmo
tanto para as crianças atendidas como também para as acadêmicas que faziam da
atuação docente no referido projeto um laboratório de Pedagogia para as futuras
práticas profissionais.
A convivência com as realizações das acadêmicas gerou
grande interesse em fazer parte do grupo, uma vez que os êxitos alcançados e
relatados pelas mesmas eram fascinantes. Este desejo foi concretizado através
da aprovação no processo de seleção para ingressar como acadêmica bolsista no
referido projeto em 2009.
A
falta de contato com a docência era um fator de grande relevância, contudo o
apoio da Coordenação do Projeto para enfrentar os desafios encontrados no
decorrer da operacionalização do mesmo foi de vital importância.
O
trabalho docente com crianças com dificuldades de aprendizagem realizou-se
através de atividades direcionadas visando suprir as dificuldades demonstradas
pelos alunos, sendo estas diagnosticadas pelos professores regentes, pela
equipe de Coordenação do referido projeto e pelo acompanhamento realizado pela
acadêmica atuante.
A alfabetização foi
trabalhada de maneira lúdica de forma diferenciada onde o aluno pudesse
aprender brincando, ou seja, com prazer.
Durante
a atuação no ano de 2009 e 2010 foram atendidas 28 crianças com faixa etária de
seis a dez anos a dez anos de 2º anos e 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental em
uma escola de periferia da rede de ensino do Município de União da Vitória.
Para que a criança seja
contemplada com o atendimento do projeto é necessário ela preencher alguns
requisitos estipulados pela coordenação do mesmo tais como: estudar em escola
pública, ser repetente ou apresentar algum nível de atraso no desempenho
escolar e ser encaminhada pela professora regente da turma e não fazer parte de
nenhum projeto oferecido pela escola parceira.
Depois de selecionada, a
criança começa a frequentar o projeto e logo depois passa por uma avaliação
psicopedagógica feita pela equipe do mesmo a qual procura-se identificar as
prováveis dificuldades de aprendizagem, como também as possíveis atividades a
serem trabalhadas no decorrer do ano de acordo com a necessidade de cada aluno.
Para
realizar as atividades na sala de aula do projeto foram utilizados materiais
pedagógicos diversos tais como: jogos confeccionados em E.V.A e cartolinas,
planos de aulas especiais e o caderno de atividades “Alegria de aprender” de
autoria da professora Ms. Maria Sidney Barboza Gruner, editado e publicado com
fundos do projeto. O caderno tem como objetivo auxiliar no aprendizado de cada
educando.
A
cada encontro ocorreram situações em que foram construídas novas aprendizagens por
ambas as partes: alunos e a acadêmica bolsista. Evidenciou-se que o trabalho
pedagógico realizado é acima de tudo uma experiência que possibilitou novos
conhecimentos, troca de experiências, pois ao mesmo tempo em que gerava
desafios tornou-se também muito prazeroso. O quadro abaixo apresenta alguns
depoimentos das aprendizagens construídas pela pesquisadora durante a
operacionalização do projeto anexadas ao conteúdo dos relatórios mensais
elaborados ao longo do exercício da docência nos anos de 2009 e 2010:
MÊS/ANO
|
DEPOIMENTOS
|
Fevereiro
2009
|
“Ser comparada a
uma professora do quadro dos docentes da escola foi muito emocionante, relato
isso porque está sendo minha primeira experiência com a docência e estou
maravilhada.
Como já havia dito estou maravilhada com
a equipe da escola onde estou aplicando o projeto, pois fui acolhida por
todos de tal forma que não tenho palavras para expressar o carinho que tenho
recebido tanto da Supervisora que me presenteou com um livro de chamada com a
personagem animada que gosto (Betty Boop),com este gesto mostrou o carinho
que tem por sua equipe e o quanto acolheu o projeto em sua Instituição. A
diretora deixou sua escola à minha disposição em quaisquer que fossem minhas
necessidades.
As professoras
que se dispuseram sanar minhas dúvidas caso surjam com relação aos alunos que
elas me indicaram a satisfação das mesmas quando explanei sobre o projeto foi
extremamente gratificante.
Minha presença
foi solicitada pelas professoras para observar seus alunos em suas salas.
Assim observa-se a importância do projeto para os profissionais daquela
escola [...]
|
Maio-2009
|
A cada encontro ocorrem situações em que são
construídas novas aprendizagens por ambas as partes professora bolsista e
alunos. O trabalho realizado é acima de tudo uma experiência que possibilita
novos conhecimentos pedagógicos e humanos, o qual está sendo ao mesmo tempo desafiador
e prazeroso, pois alguns alunos além de apresentarem Dificuldades de
aprendizagem, apresentam também problemas emocionais e afetivos.
|
Março-
2010
|
Particularmente se constata que embora a
operacionalização do projeto seja uma atividade profissional e que agrega
experiência, o que deve também enfatizar é o gosto pelo exercício da
profissão docente pela emoção de fazer parte da construção de conhecimento de
indivíduos que encontram problemas, porém apresentam a capacidade de sucesso
no processo de aprendizagem.
|
Abril-
2010
|
Perceber que estamos fazendo parte da história de uma
pessoa é algo muito gratificante. E fazer parte do aprendizado de uma criança
é algo que aspectos financeiros nenhum são capaz de pagar, pelos momentos
vividos e aprendizagens construídas.
Tenho conversado com muitos profissionais a respeito de
como é ser professora e ao final de todas as conversas estes terminam
evidenciando que “não é fácil ser professor com a remuneração que temos!”
Acredito que ser professor não resulta apenas no valor financeiro, existem
muito mais contribuições nesta profissão que com os anos são desconsideradas.
Percebe-se que quando escolheram atuar como professor alguns profissionais
visaram apenas o aspecto financeiro e outros acabaram se desencantando ao
longo dos anos de docência.
Tenho me realizado nestes dois anos e muitos dos meus
tabus e afirmações sobre ser professora se desfizeram, pois a atuação no projeto
agregou em mim a visão de responsabilidade pela vida acadêmica de muitas
crianças as quais, se teve o prazer de ensinar e com elas aprender. Por isso me
aplico cada dia mais com dedicação e comprometimento.
O ingresso da acadêmica no programa resultou no amor
pela futura profissão, onde ocorreu a lapidação e transformação de uma
acadêmica inexperiente e insegura em uma professora humana e capaz de
compreender os problemas pelos quais os alunos estejam passando.
Resultado desta mudança é decorrente destes dois anos
de docência promovidos pelo Projeto.
|
Junho-
2010
|
Ao longo destes dois anos tenho somado muitas
aprendizagens, mas o que devo relatar é o prazer que tenho de fazer um
relatório mensal agora, porque resolvi aceitar os apontamentos feitos pelas
Professoras Rosana e Ana Paula onde sugeriram que anotássemos todos os
acontecimentos das aulas e sempre
fazer planos de aula. Seguindo estas recomendações facilitou a produção dos
relatórios, não havendo a necessidade de resgatar na memória fatos passados, uma
vez que estes já estarão registrados nas ocorrências diárias tornando o
trabalho mais organizado e eficiente. As contribuições feitas pelas
professoras somaram para excelência de meu trabalho e melhoram a condução das
atividades propostas nos planos de aula. “
|
QUADRO 5- Quadro de Depoimentos
Fonte: RELATÓRIO MENSAL. Projeto de Extensão Universitária:
Projeto de Apoio as Crianças com Dificuldades de Aprendizagem nas Séries Iniciais
do Ensino Fundamental. SETI, 2009-2010.
A
partir destas reflexões e análises é que se compreende o processo de aprendizagem
dos alunos e o papel docente no sentido de auxiliar no trabalho realizado é que
se fez necessário a busca por novos conhecimentos pedagógicos. Esta busca
resultou no ingresso da pesquisadora bolsista num curso de especialização em Psicopedagogia
o qual se tornou mais uma ferramenta de apoio para a execução das aulas no
referido projeto.
É
importante ressaltar que o material de insumo pedagógico utilizado pelos alunos
e pela professora bolsista é financiado pelo projeto e as escolas parceiras oferecem
o espaço físico que lhe é possível.
A
bolsista e os alunos possuem ficha de frequencia e são acompanhados pela Coordenação
por meio de visitas sendo que as atividades realizadas com as crianças são
registradas através de fotos (mediante autorização dos pais) registrando as situações
ocorridas no dia a dia. Também são realizados relatórios mensais onde são
relatadas todas as atividades aplicadas com os alunos e as reflexões
necessárias para um fazer docente baseado na reflexão-ação. No quadro abaixo
apresenta-se algumas atividades realizadas com os alunos nos anos de 2009 e
2010:
ATIVIDADES
|
Trabalhar a matemática
Seu mestre chamou
Descrição
da atividade
Objetivo:
Reconhecer as formas e promover a socialização.
Material: Uma peça de “Blocos
Lógicos” para cada participante.
Desenvolvimento:
As crianças devem sentar-se em círculo. A professora distribui uma peça para
cada criança e fica no centro da roda. Este exercício pode ser graduado: Vêm
para o centro os que tiverem quadrado. “Vem para o centro os que tiverem
quadrado amarelos”. E assim por diante até todas as peças acabarem.
Caixa mágica
Objetivo:
Promover a habilidade da soma mental e encontrar outras possibilidades de
soma; Desenvolver a coordenação motora através do uso do computador.
Descrição
da atividade
Material:
O jogo da caixa mágica, computador para cada dupla participante
Desenvolvimento:
O jogo consiste em jogar os dados assim que cair às crianças deverá realizar
a soma e baixar o número exato da soma. Caso falte o numero de casas passa a
vez e soma quantos pontos perdeu.
Boliche
Objetivo: Desenvolver noções de quantidade e seqüência numérica.
Material: garrafas pet, E.V.A, canetinha e cola quente.
Procedimento:
Confeccionar um boliche com 12 garrafas pet, contendo a seqüência numérica de 1 a 12. Ao apresentar o jogo os alunos irão se familiarizar com os numerais e em seguida, ao jogar, devem ser incentivados a contagem do numero de garrafas que foram derrubadas.
Trabalhar o português
Bingo do alfabeto
Objetivos:
Reconhecer as letras e trabalhar a coordenação motora fina;
Material:
letras do alfabeto em E.V.A, caixa de sapato, cartela com letras desenhadas,
lápis de cor e premio para o vencedor.
Desenvolvimento
Selecione letras
do alfabeto, observando as letras presentes na maioria dos nomes das
crianças, e coloque numa caixa. Convide as crianças para jogar o bingo.
Antes de começar o sorteio das letras explique às crianças como são as regras
de um bingo: só poderão colorir a letra sorteada. A "cartela" de cada criança será
composta pelo seu próprio nome escrito em letra vazada. O
professor/a vai sorteando as letras que estão na caixa uma a uma e
explorando o nome da letra ao mesmo tempo que caminha pela sala orientando as
crianças. As crianças deverão colorir dentro da letra sorteada fazendo seu
contorno.
Observe
que nessa atividade é possibilitado à criança, reconhecer, nomear e
"escrever" as letras do alfabeto de forma lúdica e prazerosa.
Depois
que todas as letras forem sorteadas, dê uma premiação simbólica para as
crianças. Pode ser: um balão, uma língua de sogra ou um pirulito.
Quebra-cabeça com
figuras
Objetivo: Estimular a atenção, concentração e a capacidade de análise e síntese visual. Material: imagens de revistas, cola, cartolina ou papel cartão e tesoura. Procedimentos: Selecionar figuras, que as crianças achem interessantes na revista recortá-las, colá-las em uma cartolina ou papel cartão, em seguida determinar as formas como serão divididas e recortadas em alguns pedaços. Em seguida a proposta é brincar de montar novamente as figuras encaixando as peças no lugar certo.
Dominó
dos números e quantidades
Material: caixa de pasta de dente, cartolina, canetinha e cola. Objetivo: Familiarizar as crianças com os números e suas respectivas quantidades, promovendo a discriminação e a comparação das diferenças; Desenvolver a concentração.
Procedimentos:
O jogo foi confeccionado com caixas de pasta de dente, no total 27 peças por jogo de dominó, as peças foram compostas de números e quantidade, no momento do jogo as crianças observaram e encaixaram cada número próximo a sua quantidade. Todas as peças devem ser jogadas até que o dominó esteja exposto por completo para visualizarmos no chão. |
QUADRO 6- Atividades aplicadas com
crianças com Dificuldades de Aprendizagem.
Fonte: ATIVIDADES LÚDICAS PEDAGÓGICAS. Brandão
e Froeseler (1997, p. 23 – 35).
A
cada encontro ocorrem situações em que são construídas novas aprendizagens por
ambas as partes. Os educandos demonstram dedicação e contentamento ao
realizarem as atividades propostas.
Nota-se
que ao ingressar nas aulas de apoio o aluno é uma criança insegura, muitas
vezes amedrontada e desmotivada, mas ao finalizarem suas aulas sentem-se mais
seguros para expressarem o conhecimento que adquiriram relatando fragilidades
que possuíam e demonstrando as habilidades adquiridas seja na sala de aula,
seja em atividades extra-classe. Torna-se claro o processo de cada aluno no
decorrer do projeto, derrubando pouco a pouco os rótulos que receberam no
início de sua alfabetização.
A
convivência com os educandos agregada aos estudos de especialização foram atributos
importantes para a excelência da docência os quais renderam elogios da
comunidade escolar e familiar dos mesmos, resultando em num reconhecimento
profissional docente e competente, apesar de pouca experiência na atividade
exercida.
O
contentamento dos educadores com a pesquisadora bolsista constatado por meio de
relatos orais é reflexo de um trabalho exclusivo, direcionado e dedicado por
parte de toda equipe do Projeto o qual resultou na diminuição do nível do
fracasso escolar e alto nível de aprovação dos alunos atendidos.
Outro
fator que apontou o sucesso da operacionalização do projeto na referida escola
foi a melhora na nota do IDEB (Índice de desenvolvimento da Educação Básica)
que saltou de 4.4 em 2007 para 5.5 em 2009 projeção esperada para 2013 que foi
alcançada no ano de 2009.
Toda
a atuação docente realizada no período em que fazem parte do projeto as
bolsistas agregam experiências, tanto na área de pesquisa como também na
docência com uma visão sensibilizada do educando. Por meio deste contato com a
docência que o Projeto proporciona as acadêmicas se compreendem o elo existente
entre a teoria e a prática profissional, uma vez que o objetivo principal da
atuação no referido é de inseri-las no mercado de trabalho.
|
A função de ensinar e aprender são exclusivas da escola,
pois antes de ingressar neste ambiente, cada indivíduo carrega consigo um nível
de conhecimento construído por meio de experiências obtidas no seu cotidiano
social e familiar, este fator pode contar positiva ou negativamente durante sua
vida acadêmica como também futuramente para o exercício da atividade
profissional.
Entendendo
desta maneira é possível enfatizar o gosto pela docência, sendo esta uma tarefa
extremamente surpreendente e com diversos obstáculos. Por isso se constata o
quão necessário o trabalho em conjunto por parte dos educadores com uma equipe
escolar que possa auxiliá-los em seu trabalho pedagógico.
Ressalta-se
ainda que a todo momento os sujeitos estejam adquirindo diversas aprendizagem
ao longo da vida sejam elas empíricas ou científicas e como os alunos com
dificuldades de aprendizagem, se deparam com obstáculos no decorrer deste
processo de construção, por isso precisamos buscar sempre novas estratégias
para superar estes obstáculos, da mesma maneira que os educadores devem buscar
estratégias de trabalho para seus alunos possam superar tais distúrbios.
Identificar
as necessidades que os educadores têm durante os anos em que estão na
instituição é uma tarefa que precisa do empenho de muitos profissionais para
que se obtenham resultados favoráveis, sendo de suma importância conhecer o
indivíduo que está recebendo os conhecimentos, sua história de vida e suas
limitações.
Educar
é um desafio e não desistir deste desafio é princípio básico da função de
professor. Ele convoca a aceitação do constante recomeçar para alcançar os
objetivos traçados.
As
diferenças existentes em sala de aula podem se tornar motivo para vivenciar uma
experiência lúdica e criativa, no momento em que colocam os protagonistas em
situação constante de superação, buscando o sucesso desejado por ambos
educadores, família e aluno.
Quando
se tem consciência da natureza do desafio, há, possivelmente, maiores e
melhores condições para superá-lo. As diferenças são desafiadoras e
assustadoras, pois elas demandam capacidade para olhar de maneira diferente
para o diferente, isento de preconceitos, rótulos e estigmas.
Encontrar
o brilho peculiar dos alunos que estão ao nosso redor, olhando para sua
evolução embora lenta, com base em novo olhar percebendo esta criança como
sujeito responsável pela construção do seu conhecimento, é o mesmo aluno que
encontrou muita dificuldade e agora tenta superá-la é conhecê-lo de novo.
Precisamos conhecer de novo nossos alunos que fracassam na escolarização, agora
com um novo olhar, que reflete o orgulho de fazer parte do seu processo de
ensino – aprendizagem.
|
______
Cognição, neuropsicologia e
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SILVA,
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SOUZA,
Antonio Carlos de; FIALHO, Francisco A. Pereira; OTANI, Nilo. Trabalho de Conclusão de Curso: métodos
e técnicas. Florianópolis: Visual Books, 2007.
11 Comentários :
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