TCC


AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER

Carla Rosane Fersch
G – Pedagogia –FAFIUV
Profª Orientadora: Rosana Beatriz Ansai

RESUMO:

Refletindo acerca das dificuldades de aprendizagem, tema o qual inquieta muitos profissionais que fazem parte do sistema educacional e que está muito presente no dia a dia dos educadores, este artigo de caráter teórico bibliográfico apresenta a importância do diagnóstico da criança que apresenta dificuldades de aprendizagem, bem como também do trabalho pedagógico do professor e da família frente a criança que apresenta este perfil, sendo que se a família e a escola estiverem unidas facilita o trabalho pedagógico do professor para com esta criança. O presente estudo tem por objetivo ressaltar a importância da identificação precoce das dificuldades de aprendizagem bem como a postura do professor e da família frente as dificuldades de aprendizagem. Parte-se do pressuposto de que cada individuo aprende de uma maneira diferenciada e que a família e o professor são de grande relevância para que a aprendizagem ocorra da forma mais natural e significativa possível.

PALAVRAS-CHAVE: Dificuldades de aprendizagem. Identificação precoce. Professor. Família.

1. INTRODUÇÃO

As dificuldades de aprendizagem segundo Carrera (2009) referem-se a um baixo rendimento escolar esperado para a idade do individuo. Fonseca (1995) complementa que as dificuldades podem ser referentes a audição, fala, leitura, escrita e raciocínio matemático.
Nota-se que as dificuldades de aprendizagem estão muito presentes no dia a dia dos educadores. Deste modo acredita-se que estudos sobre este tema contribuem para a práxis do educador e para que o mesmo possa identificar e trabalhar de uma maneira diferenciada com os alunos que apresentam baixo desempenho escolar. Fonseca (1995, p.243) adverte que: “Devemos combater a inflação das dificuldades de aprendizagem e para tanto é fundamental analisar o problema de fundo.”
De outra forma, não se pode deixar de se considerar, que a aprendizagem é única em cada individuo e que muitos fatores afetivo-emocionais podem dificultar a aprendizagem, bem como também a identificação precoce das dificuldades de aprendizagem podem diminuir as suas consequências.
Este estudo de caráter teórico bibliográfico tem como objetivo ressaltar a importância da identificação precoce das dificuldades de aprendizagem, bem como enfatizar a postura do professor e da família frente as dificuldades de aprendizagem.

  2. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM, IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO, DO TRABALHO PEDAGÓGICO, DO PROFESSOR E DA FAMILIA

2.1 A IMPORTÂNCIA DA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Entendemos que na contemporaneidade não há ainda uma definição exata com relação ao termo dificuldade de aprendizagem. Segundo Carrera (2009), o tema refere-se a um baixo rendimento escolar, seja na leitura, na escrita ou no cálculo matemático. Evidencia ainda que o problema de aprendizagem pode ser considerado como um sintoma o qual não é permanente, pois a criança pode aprender a compensar suas dificuldades. Para tanto acredita ser muito importante, que as dificuldades de aprendizagem sejam identificadas precocemente.
Assim, concorda-se com Fonseca (1995) quando este alerta que a sociedade e a escola, não devem simplesmente esperar pelo insucesso escolar, sendo responsabilidade da escola educar todas as crianças.
Nesse sentido é essencial a identificação precoce das dificuldades de aprendizagem, pois assim pode-se orientar uma intervenção pedagógica adequada à necessidade de cada criança. Acrescenta ainda que a criança que possui dificuldades de aprendizagem, não pode ser considerada deficiente, ela apenas aprende de uma maneira diferente. Oliveira (1996, p.7) complementa evidenciando que: ”a criança tem características próprias que devem ser respeitadas”.
   Ainda com relação a identificação precoce das dificuldades de aprendizagem, Sana (2005, p.12) adverte que:

[...] Quanto mais tarde for diagnosticado o problema, mais danos causará ao emocional, pois a auto-estima da criança que não esta conseguindo aprender vai diminuindo, podendo tornar-se agressiva, introspectiva ou ainda apresentar outros sintomas que nada mais são do que um pedido de socorro, um alerta para que alguém tome alguma providência e descubra o que está acontecendo com ela. Por isso, pais e professores, principalmente das séries iniciais, devem ter o máximo de atenção a crianças que demonstram algum tipo de dificuldade ou comportamento inadequados, para que as devidas medidas sejam tomadas em tempo de não causarem problemas comportamentais e emocionais mais sérios. (SANA, 2005, p.12)

Morais (2006, p.25) nesse processo de identificação precoce alerta pais e professores evidenciando que:

É importante, portanto, que exista uma preocupação em determinar precocemente a causa da dificuldade para aprender. O diagnóstico precoce do distúrbio de aprendizagem é um ponto fundamental para a superação das dificuldades escolares. Além de orientar os educadores e pais sobre a melhor forma de lidar com a criança, direciona a elaboração de programas de reforço escolar e adoção de estratégias clinicas e/ ou educacionais que auxiliam a criança no desenvolvimento escolar.
Explicita-se a importância da identificação precoce, pois quanto antes forem identificadas e trabalhadas de uma maneira adequada as dificuldades de aprendizagem menores conseqüências poderão trazer para o sujeito aprendente. Deste modo Fonseca (1995, p.366) alerta que:

A descontrolada produção de insucesso escolar e das DA[3] não é um problema meramente educacional. Trata-se de um problema social, cultural e até econômico. Com o insucesso escolar justificam-se posteriormente mais conflitos sociais, mais prisões e mais hospitais psiquiátricos, etc.

No contexto das consequências da falta de um diagnóstico e atendimento pedagógico eficiente Dias e Santo (2006, p.1) alertam que:

 Os problemas enfrentados pelo sistema educacional brasileiro (repetência e evasão escolar, violência nas escolas, por exemplo) tanto podem gerar problemas na aprendizagem dos alunos como agravar as condições das crianças que já apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizagem.

Em contrapartida, com relação ao futuro do estudante, com uma educação de qualidade, Cury (2008, p. 85) prevê que: “Quanto melhor for a qualidade da educação, menos importante será o papel da psiquiatria no terceiro milênio.” Já Menezes (2011, p.98) afirma: “E os alunos aos quais se atribuem transtornos, reais ou não, são uma parcela considerável dos que abandonam definitivamente os estudos”. (MENEZES, 2011, p. 85)
Em se tratando de diagnóstico e tratamento da dificuldade de aprendizagem Fonseca (1995, p.222) relata às suas vantagens sociais ao afirmar que: “A identificação precoce é uma alternativa imprescindível para os países de fracos recursos como o nosso, na medida em que reduz os custos, elimina condições que tendem a agravar o desenvolvimento total da criança e diminui os seus efeitos cumulativos”.
Constata-se que com a identificação precoce pode-se evitar problemas futuros, tanto para o individuo, como também para a sociedade.

2.2 O PROFESSOR E A FAMÍLIA FRENTE AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

O professor é um profissional que pode auxiliar muito o aluno a superar as dificuldades de aprendizagem, pois segundo recomenda Fonseca (1995), o professor deve perceber que alguns métodos servem para determinada criança e outros não.
Morais (2006, p.163) descreve com relação as dificuldades de aprendizagem que: “ O professor desempenha um papel muito importante no processo de diagnóstico como no processo reeducativo”.
Conforme Tiba (1998, p.38)  “O aluno não consegue aprender aquilo que não entende, assim como não pode engolir pedaços maiores do que a sua garganta permite passar.” Entende-se que o professor deve trabalhar um determinado conteúdo de diversas maneiras, utilizando-se de diversos métodos para que o aluno possa vir a aprender.
Nesse contexto Honora e Frizanco (2009, p21) descrevem que:

O professor tem papel fundamental para que o processo de ensino aprendizagem possa ocorrer de uma maneira satisfatória. Além de ser o informador, deve estar atento às necessidades das crianças e às situações que devem ser criadas para que a aprendizagem aconteça.

Com relação ao papel do professor ao encontrar um aluno com dificuldade de aprendizagem, Carrera (2009, p.81), exemplifica como pode ser seus comportamentos contando uma “história sobre a escola dos animais”.

Era uma vez uma escola para animais. Os professores tinham certeza que possuíam um programa de estudos inclusivo, porém, por algum motivo todos os animais estavam indo mal. O pato era a estrela da classe de natação, porém não conseguia subir nas árvores. O macaco era excelente nas árvores mas era reprovado em natação. Os frangos se destacavam nos estudos sobre grãos, mas desorganizavam tanto a aula de subir em árvores que sempre acabavam na sala do diretor. Os coelhos eram sensacionais nas corridas, mas precisavam de aulas particulares de natação. O mais triste de tudo era ver as tartarugas, que, depois de vários exames e testes foram diagnosticadas como tendo “atraso de desenvolvimento”. De fato, foram enviadas para uma classe de educação especial numa distante toca de esquilos. A pergunta é: quem eram os verdadeiros fracassados?
Esta história pode ajudar a compreender que cada estudante, cada ser humano é uma criação única. Possuímos uma série de talentos, capacidades e maneiras de aprender. [...]

Honora e Frizanco (2009, p.23) infirmam com relação a variedade de dificuldades dos alunos que:

Pensando na variabilidade de dificuldades que podem surgir, é de fundamental importância que o professor desenvolva uma ficha de caracterização para cada aluno, no intuito de registrar alguns elementos de comportamento e, a partir deles, poder construir seu planejamento voltado para as reais necessidades de cada aluno.

Cabe aqui uma frase de Marion Welchmann citada por José e Coelho (1990, p.131) “Se uma criança não pode aprender da maneira que é ensinada, é melhor ensiná-la da maneira que ela pode aprender.”
Acredita-se que o professor crítico, competente e ético deve questionar seu trabalho pedagógico com alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem: estou utilizando o melhor método com este aluno? Se houver alguma mudança metodológica estes alunos podem alcançar os objetivos propostos? O problema desses alunos é de ensinagem?
Com relação ao auxilio do professor para com o aluno com dificuldades de aprendizagem, José e Coelho (1990) ressaltam que o professor pode incentivar muito os alunos que apresentam problemas de aprendizagem através de uma relação saudável, afetiva e estável, respeitando a criança da maneira como ela é.
Acredita-se que para que a aprendizagem ocorra de uma forma natural é necessário que esta ocorra de forma prazerosa. Nesse sentido Maluf (2003, p.106) afirma: “Educadores, pais, dêem oportunidades a si mesmos e às crianças com as quais convivem, oportunidade de viver e aprender de uma forma mais gostosa, alegre, divertida e participativa”.
Conforme Morais (2006) o professor por estar em contato direto com o educando durante o processo de ensino aprendizagem, percebe de imediato o aluno que possui dificuldades, sendo importante que após essa constatação os problemas do aluno sejam vistos como consequência da dificuldade de aprendizagem e não como falta de vontade ou desleixo por parte do aluno, evitando-se assim rótulos inadequados. Tal evidência também é compartilhada por José e Coelho (1990, p.100) ao descreverem:

Para poder identificar o problema e ajudar na reeducação da criança, o professor, antes de mais nada, deve conhecer as dificuldades que ela enfrenta, evitando rótulos e distinguindo seus comportamentos como oriundos de vários aspectos, entre eles o emocional, o afetivo e o cognitivo.  

Entende-se ser relevante um bom relacionamento professor-aluno, pois o aluno deve ver no professor alguém disposto a lhe auxiliar em todas as dificuldades. Nesse sentido Cury (2008, p. 102) recomenda que os professores: “Ouçam também seus alunos. Penetrem no mundo deles. Descubram quem são”. Dorin (1981, p.9) complementa descrevendo que um dos traços do bom professor é aquele que: “Interessa-se pela vida do aluno e procura compreendê-lo”.
Acredita-se que se o professor conhecer o aluno, ouvir o que ele tem a dizer, será muito mais fácil desenvolvê-lo plenamente conforme os objetivos educacionais. Com relação ao papel do professor Fonseca (1995, p.362) recomenda que  “[...] deve estar apto a captar cientificamente e pedagogicamente as características do comportamento de aprendizagem das crianças”; ou seja, ele deve ser eficiente, competente e comprometido com o bom desempenho escolar de todos os seus alunos, principalmente com aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem. Rossini (2008, p.66) acrescenta com relação ao papel do professor que: “O professor deve estar atento aos obstáculos[4] que aparecem e orientar seus alunos na transposição dos mesmos”.
Entende-se ser relevante, que o professor prepare uma boa aula, uma aula atraente, tal evidência é compartilhada com Tiba (1998, p.31) ao apontar que: “Uma boa aula é como uma refeição: quanto mais atraentes estiverem os pratos que você, cozinheiro-professor dispuser sobre a mesa, mais os alunos desejarão saboreá-los.” Acredita-se que se for exposta uma aula de qualidade, atraente, o aluno que possui dificuldades de aprendizagem senta-se motivado ao aprendizado e esta motivação poderá fazer com que este supere tal dificuldade.
Dorin (1981, p.85) relata com relação a norma de conduta de um professor que:

A primeira, e talvez a mais importante norma de conduta de um bom professor, consiste em respeitar as diferenças individuais. Se ele não admitir que existem profundas diferenças entre as crianças e os adolescentes, e que elas devem ser respeitadas no trabalho escolar, ele se verá envolvido em um número enorme de problemas que tornarão seu trabalho pouco eficiente e cansativo.

Morais (2006) evidencia que após a identificação das dificuldades de aprendizagem, o primeiro passo é o professor respeitar essas dificuldades, sem tecer comentários maliciosos, respeitando seu ritmo e não expor de maneira constrangedora o mesmo diante da classe, sendo de grande importância que o professor converse com o aluno sobre suas dificuldades, pois essa atitude criará um clima tranquilo e sincero entre ambos, o qual facilitará a aprendizagem. Drouet (1990) acrescenta que o professor deve tratar os alunos com dificuldades de aprendizagem com paciência e principalmente, não deixá-los esquecidos no fundo da sala.
No contexto da dificuldade de aprendizagem entende-se ser importante que o professor não se considere auto suficiente com relação ao aprendizado que já possui, mas recomenda-se que o mesmo seja um pesquisador constante. Concorda-se com Tiba (1998, p.95) ao evidenciar: “È bom que os professores, ao encontrar dificuldades com alunos, troquem idéias entre si. Professores têm de somar. Um mísero mortal não enfrenta o Olimpo.” Acredita-se que assim como o professor transmite o aprendizado para os alunos, o mesmo também tem sempre algo novo a aprender, eis então a importância com relação as trocas de experiências como os demais profissionais.
Uma das alternativas para o professor trabalhar as dificuldades de aprendizagem é através dos jogos. Maluf (2003, p.61) adverte que: “É preciso sempre diversificar os jogos e as brincadeiras para aumentar as oportunidades de desenvolvimento e de aquisição de conhecimentos que os brinquedos podem oferecer”  Bossa (2000, p.106) esclarece que:

Muitas vezes, uma criança não pode falar sobre os seus problemas porque não os conhece. A criança sofre, mas não sabe o que a faz sofrer. Não conhece a causa de alguns comportamentos e sentimentos que a prejudicam. Mas existe um jeito de falar, sem saber que está falando. Quando uma criança brinca, joga, desenha, faz histórias e outras coisas mais, revela sentimentos e pensamentos que desconhece, falando numa outra linguagem: a linguagem do desenho, do brinquedo, do jogo.
Considera-se então a importância do jogo, pois este pode ser uma ferramenta, que auxiliará o professor e o aluno, sendo que para o professor será uma estratégia a mais e para o aluno uma maneira divertida de aprender.
Entende-se ser importante também diversos tipos de brincadeiras, segundo Maluf (2003, p.19)

Brincar é tão importante quanto estudar, ajuda a esquecer momentos difíceis. Quando brincamos, conseguimos - sem muito esforço – encontrar respostas a várias indagações, podemos sanar dificuldades de aprendizagem, bem como interagirmos com nossos semelhantes.

Acredita-se que o professor que consegue alcançar êxito com seus alunos, fazendo com que aprendam é aquele que tem amor pela sua profissão. Rossini (2008, p.53) descreve que: “Um professor dinâmico, inteligente, entusiasmado, com alto astral, alegre, carinhoso, causa prazer, estimula a ação dos alunos e facilita a aprendizagem.” Entende-se que um professor que atinge todas essas qualidades é um educador que ama o que faz.
Com relação a aprendizagem, o professor e o aluno Carrera (2009, p.196) ressalta que: “ È fundamental trabalha com a criança e não para ela. Isto significa que na modificação da atitude frente a aprendizagem o professor pode e deve ser um bom modelo para que a criança utilize como referência.”
Sana (2005, p.108) resume a importância do professor para alunos com dificuldades de aprendizagens ao afirmar que:

PROFESSORES: o futuro de muitas crianças depende da sua observação, compreensão, colaboração, atenção, dedicação e carinho. Ao primeiro sinal de SOCORRO de seu aluno, comunique o fato à escola. O diagnóstico precoce evitará maiores transtornos. (Sana, 2005, p.108)
Outro fator que pode influenciar na aprendizagem é a presença familiar. Neste tocante Fonseca (1995) pontua que quando a criança inicia sua escolaridade passa por uma mudança brusca, pois deixa de viver exclusivamente no meio familiar considerado pela mesma como seguro para ir à escola o que pode parecer na maioria das vezes um lugar perigoso e inseguro. Deste modo evidencia-se a importância da presença familiar na escola.
As dificuldades de aprendizagem segundo Sana (2005) geralmente são percebidas pela família, porém as mesmas não procuram auxílio, pois querem acreditar que trata-se de algo passageiro; pois para muitos pais não é fácil admitir que o filho apresenta problemas de desempenho escolar. Este comportamento muitas vezes é prejudicial, pois em nada contribui para melhorar as dificuldades, pelo contrário, pode afetar o emocional da criança. Morais (2006, p.162) confirma a idéia ressaltando que:

Quando uma criança apresenta dificuldades para aprender, é comum que o professor, ou os pais, esperem por um “despertar” ou que a criança, mais cedo ou mais tarde, dê um “salto” e passe a acompanhar a classe. No entanto, esse momento mágico que se caracteriza pela superação das dificuldades partindo da própria criança, raramente acontece. O que, mais comumente, se acaba verificando é a automatização e o aumento das dificuldades, à medida que o programa escolar vai se tornando mais complexo.

Segundo Fonseca (1995, p.115) “Um bom ambiente familiar ou social que forneça a quantidade e a qualidade de oportunidades suficientes de interdependência entre adultos e crianças são condições mínimas requeridas para o desenvolvimento do potencial de aprendizagem.”
De acordo com Souza e Luz (2010) deve-se sempre manter um relacionamento de muito afeto e com limites em casa, valorizando os momentos em família e lembrando sempre de dizer o quanto ama seu filho. Com relação a família e a escola Tiba (1998, p.164) alerta que: “Quando os pais participam das reuniões propostas pela escola, em geral o desempenho escolar de seus filhos melhora”.
Ainda com relação à aceitação e cuidados especiais da família da criança que apresenta dificuldades de aprendizagem, Souza (2010, p.39) recomenda para os pais que: “Mostre aos filhos como podem passar pelas adversidades, desde muito cedo, para que aprendam a enfrentá-las de forma segura.” (SOUZA, 2010, p.39) Já Oliveira (1996, p.27) evidencia que: “Os pais são os principais formadores e educadores de seus filhos. A escola faz a sua parte, complementando o que nem sempre é possível obter na família.” Percebe-se que isso não é o que ocorre muitas vezes, pois muitas famílias delegam toda a responsabilidade de educar para a escola, a qual por sua vez não consegue dar conta.
 Tiba (1998) ressalta que entre a escola e a família deve haver uma soma, assim entende-se que se escola e família estiverem unidas em prol de um mesmo objetivo o aprendizado terá mais chances de acontecer.
Bossa (2000, p.59) explica que: “Uma criança pode não aprender porque precisa de uma ajuda especial e seu professor e sua família não sabem disso.” Neste contexto torna-se visível a importância da união família escola, nesse sentido Tiba (1998, p.159) sugere: “ Uma vez detectadas as dificuldades relacionais do aluno, a escola poderia convocar os pais para uma reunião a seis[5] mãos, na qual serão estabelecidos os padrões que nortearão a educação daquela criança.” Cury (2008, p.15) complementa que: “ os filhos não precisam de pais gigantes, mas de seres humanos que falem a sua linguagem e sejam capazes de penetrar-lhes o coração.”
Rossini (2008) com relação ao carinho, amor e afeto afirma que estes devem ser a primeira preocupação, tanto dos pais, como dos professores antes mesmo da alimentação. 
Carrera (2009, p.201) relata o papel da família com relação a criança com dificuldades de aprendizagem descreve que a mesma: “Sempre deve estar procurando maneiras de ajudá-las a potencializar suas habilidades, as quais podem de alguma forma compensar suas dificuldades.”
Nota-se que o comportamento de acolhimento e tratamento das dificuldades de aprendizagem de uma criança por parte da família é essencial, pois segundo Oliveira (1996, p.12) “Receber carinho fortalece a auto-estima”.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que é essencial um olhar pedagógico e clínico especial para com as crianças e jovens que apresentam dificuldades de aprendizagem, tanto por parte dos pais, como principalmente por parte dos educadores. Acredita-se que para melhorar as dificuldades de aprendizagem primeiramente deve se dar ênfase à identificação precoce, na maioria dos casos o professor é a primeira pessoa a identificar, sendo portanto muito importante na vida escolar desse aluno.
Tiba (1998, p.99) cita que: “Alguns professores abusam de seu poder em classe: preocupados apenas em dar aula, impõem seu conhecimento, sem verificar se os alunos estão preparados para recebê-lo.” Sugere-se aos professores que procurem constatar sempre se as dificuldades de seus alunos referem-se a problemas de aprendizagem? ou problemas de ensinagem?
Bossa (2000, p.18) deixa um recado aos professores dizendo: [...]“não desista de procurar respostas e principalmente não subestime a sua importância no processo ensino-aprendizagem do aluno.”
Acredita-se ser de extrema importância que família e escola trabalhem em conjunto com relação a educação, pois deste modo entende-se ser mais fácil para o aluno especialmente aquele que possui dificuldades de aprendizagem possa vir a superá-las e adquirir  o aprendizado. Neste sentido Tiba (1998, p.15) afirma: “Não adianta a escola atribuir a educação de seus alunos aos respectivos pais nem os pais exigirem tal da escola tal função.”
Portanto acredita-se que se o aluno com dificuldades de aprendizagem tiver o apoio da família, um bom relacionamento com seus pares educativos e o professor dispor de atividades diferenciadas, lúdicas sempre eivadas de muito amor à aprendizagem poderá ocorrer de forma natural[6] e significativa.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Célia Maria Perracini de; FABRE, Luzia Viviane. Ajude a criança a superar seus problemas psicológicos. Paraná: Pinha, 1995.

BOSSA, Nadia A: Dificuldades de aprendizagem. O que são? Como tratá-las?  Porto Alegre: Artmed, 2000.

CARRERA, Gabriela. (Org.) Dificuldades de aprendizagem: Detecção e estratégias de ajuda. Brasil: Cultural, 2009.

CURY, Augusto Pais brilhantes Professores fascinantes. A educação de nossos sonhos: formando jovens felizes e inteligentes. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.

DIAS, Tatiane Lebre; ENUMO, Sônia Regina Fiorim. Criatividade e Dificuldade de Aprendizagem: Avaliação com Procedimentos Tradicional e Assistido. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa. Jan-Abr 2006, Vol. 22 n. 1, pp. 069-078. Presente site: WWW.scielo.br/pdf/ptp/v22n1/29846.pdf Acesso em: 06 mai. 2011.

DORIN, Lannoy. Enciclopédia de psicologia contemporânea. Psicologia aplicada a educação. São Paulo: Iracema, 1981.

DROUET, Ruth Caribé da Rocha. Distúrbios da Aprendizagem. 4.ed.São Paulo: Àtica, 1990.

FONSECA, Vitor da: Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2 ed. Ver. Aum. Porto Alegre: Artmed, 1995.

HONORA, Márcia; FRIZANCO, Mary Lopes Esteves. Dificuldades na escrita. Dislexia Disgrafia Discalculia Disortografia. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.

JOSÉ, Elisabete da Assunção; COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. 2 ed. São Paulo: Àtica, 1990.

MALUF, Angela Cristina Munhoz. Brincar: Prazer e Aprender. 7 ed. Petrópolis RJ: Vozes, 2003.

MENEZES, Luiz Carlos de. Como fica a questão da saúde na escola? In: Revista Nova Escola. São Paulo-SP, ano XXVI, n. 241, abr. 2011, p.98.

MORAIS, A. M. P. Distúrbios da aprendizagem. Uma abordagem psicopedagógica. 12. Ed. São Paulo: Edicon, 2006.

OLIVEIRA. Adilaurinda Ribeiro; OLIVEIRA. Lourdes Sirtoli de; SOUZA. Oralda Adur de. Livro dos pais 1. Pais, Filhos e Escola: Uma relação necessária. Curitiba PR: Base, 1996.

ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Aprender tem que ser gostoso. 5 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

SANA, Cristiane Cador. Por que meu filho não aprende? Blumenau SC: Eko, 2005.

SOUZA, Oralda Adur de; LUZ. Araci Asinelli. Família e escola em rede de proteção. Paraná: Base Sistema Educacional, 2010.

TIBA, Içami. Ensinar Aprendendo: Como superar os desafios do relacionamento professor-aluno em tempos de globalização. 24 ed. São Paulo: Gente, 1998.
                                      


Trabalho apresentado no:
X CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EDUCERE.
I SEMINARIO INTERNACIONAL DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO- SIRSSE.



UM NOVO OLHAR FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM


FERNANDA APARECIDA DOLINE
Orientadora: Prof.ª Ms. Rosana Beatriz Ansai.          



 RESUMO
A função de ensinar não cabe somente à escola, pois antes de ingressar neste ambiente, cada indivíduo carrega consigo um nível de conhecimento construído pelo meio de experiências obtidas no seu cotidiano social e familiar. Sabe-se que tais experiências são à base do comportamento do indivíduo, pois elas podem interferir positiva ou negativamente na vida do indivíduo. Deste modo alguns alunos podem encontrar dificuldades no decorrer da aprendizagem resultando no fracasso escolar devido a diversos problemas encontrados durante a construção do processo ensino aprendizagem ao longo de sua vida acadêmica. Após estas considerações e análises o estudo tem como objetivo geral é descrever o contexto da dificuldade de aprendizagem, suas teorias e características como também entender qual o papel do educador frente a uma criança que apresenta dificuldades de aprendizagem, sendo que mais especificamente busca-se: apontar em que consistem as dificuldades de aprendizagem, descrever os diferentes tipos de dificuldades de aprendizagem, apresentar quais as estratégias que possam auxiliar frente às questões relacionadas às dificuldades de aprendizagem, pesquisar como é o pensamento ação dos professores que trabalham com os alunos que participam do Projeto de Apoio aos Alunos com Dificuldades de Aprendizagem nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Para a coleta de dados optou-se pela metodologia da pesquisa teórica bibliográfica isto porque os dados foram coletados em fontes publicadas mecânica e eletronicamente. O estudo se situa na área de abrangência das Ciências Humanas, mas especificamente no campo da Pedagogia e Psicopedagogia. De outra forma possui elementos que limitam o aprofundamento do estudo dos objetivos uma vez que as fontes de coleta de dados se limitam a acervos pessoais, à biblioteca Dante Jesus Augusto da FAFI/UV e acervos de algumas escolas e ainda da internet. A pesquisa se encontra na fase de coleta dos dados.

Palavras - chave: Dificuldades de Aprendizagem. Fracasso escolar. Projeto.




1 INTRODUÇÃO

            Os indivíduos passam por diversos processos que são fundamentais para o desenvolvimento humano. Muitos fatores são responsáveis para que este desenvolvimento ocorra sendo estes: fatores sociais, culturais, valores familiares, situação econômica, emocional, entre outros. Nota-se que no processo de aprendizagem é preciso levar em conta estes fatores, pois é a partir deles que se fundamenta o aprendizado.
            A função de ensinar não cabe somente à escola, pois antes de ingressar neste ambiente, cada indivíduo carrega consigo um nível de conhecimento construído pelo meio de experiências obtidas no seu cotidiano social e familiar. Sabe-se que tais experiências são a base do comportamento do indivíduo, pois elas podem interferir positiva ou negativamente na vida do indivíduo.
            Na escola nota-se que a aprendizagem pode fluir de maneira agradável e produtiva, desde que se leve em conta que é fundamental que os professores conheçam o processo de aprendizagem de seus alunos e estejam interessados nas crianças como seres humanos em desenvolvimento. Observa-se, porém que nem sempre a aprendizagem ocorre de maneira satisfatória para todos os alunos. Deste modo alguns alunos podem encontrar dificuldades no decorrer da aprendizagem resultando no fracasso escolar devido a diversos problemas encontrados durante a construção do processo ensino aprendizagem ao longo de sua vida acadêmica.
Atualmente há um aumento dos questionamentos por parte das escolas, que envolvem a qualidade do processo de ensino aprendizagem dos alunos. Acredita-se que é indispensável que o professor perceba seu aluno como um sujeito único, com sua história particular, inserido num contexto que ultrapassa os muros da escola.
            Para otimização do seu trabalho nota-se que, o educador precisa ter consciência de como cada grupo se organiza, de como ocorre a aprendizagem, sempre contextualizando esse processo, com uma postura que facilite o desenvolvimento de seus alunos. Muitas são as reclamações por parte dos professores quanto ao fracasso escolar, reforçados por diversas causas como, por exemplo, à desestruturação familiar, às desigualdades sociais, os problemas cognitivos, entre outros que vem a refletir baixo no desempenho escolar.
Como estudante do processo de aprendizagem e docência em cursos na área da Pedagogia entende-se a importância do estudo do tema Dificuldades de Aprendizagem por constatar-se que, alguns dos professores apresentam uma visão limitada e restrita deste fenômeno, o que muitas vezes refletem na escola, no aluno ou no professor a responsabilidade por este problema. Nota-se que essa visão míope das dificuldades de aprendizagem de alguns alunos denota uma ausência de clareza dos pressupostos que fundamentam a compreensão por parte dos professores, equipe pedagógica e sociedade em relação à função social da escola e a visão que se tem de sua ação pedagógica. Desse modo, as dificuldades de aprendizagem passam a ser vista como um problema que tem sua causa somente no professor ou no aluno.
 O fato de se pensar em dificuldades de aprendizagem é evidenciar a necessidade de se atuar na formação continuada dos professores e maior estímulo aos alunos que tem este perfil. Somente a partir da visão que os professores tiverem de sua prática profissional é que poderão fazer uma leitura diferente e menos limitada de um problema tão questionado quanto as dificuldades de aprendizagem na vida escolar.
Após estas considerações e análises o estudo tem como objetivo geral descrever o contexto da dificuldade de aprendizagem, suas teorias e características e o papel do educador frente a uma criança que apresenta dificuldades de aprendizagem, sendo que mais especificamente busca-se:  
·  Pesquisar sobre a perspectiva histórica das dificuldades de aprendizagem;
·  Apontar o contexto das dificuldades de aprendizagem: teorias características e o papel do educador;
·    Apresentar a classificação, diagnóstico e avaliação das dificuldades de aprendizagem;
·   Descrever sobre as dificuldades de aprendizagem e a visão psicopedagógica: um relato de experiência;
De acordo com a classificação sugerida por Souza, Fialho e Otani (2007, p.35) a pesquisa é do tipo acadêmica, pois consiste em uma “atividade de caráter pedagógico que visa despertar o espírito de busca intelectual e autônoma  [...]”.
            Com relação à técnica empregada para a coleta de dados optou-se com base nos conceitos de Souza, Fialho e Otani (idem) pelo tipo de pesquisa acadêmica tendo como característica pesquisa de documentação indireta, pois, de acordo com o que apontam os autores sobre a técnica empregada para a pesquisa enquadrando-se a características sendo indireta quando necessita de fontes de informações já coletadas por outros autores.
            O estudo se situa na área de abrangência das Ciências Humanas, mas especificamente no campo da Pedagogia e Psicopedagogia.
De outra forma possui elementos que limitam o aprofundamento do estudo dos objetivos uma vez que as fontes de coleta de dados se limitam a acervos pessoais, à biblioteca Dante Jesus Augusto da FAFI/UV e acervos de algumas escolas e ainda da internet.
A pesquisa se encontra estruturada da seguinte forma: na primeira parte encontra-se a Introdução que contém os elementos metodológicos selecionados pelo pesquisador. Na segunda parte, histórico e definições a respeito do tema. Na terceira parte um relato de experiência na atuação profissional com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem. Por fim referências utilizadas para elaboração da pesquisa.



2 O CONTEXTO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: TEORIAS, CARACTERÍSTICAS E O PAPEL DO EDUCADOR


2.1 A PERSPECTIVA HISTÓRICA DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
           

            Desde o início da história da humanidade existem relatos de discriminação e condutas brutas para com aqueles que são considerados diferentes, eram submetidos a todos os tipos de humilhações e violências de acordo com relatos de Wendt (2001) apud Silva (2008, p.2):

Desde os primórdios da humanidade, existem relatos da marginalização e do tratamento estigmatizado dado àqueles que são diferentes considerados “não normais” por não atenderem a padrões preestabelecidos. Este relacionamento com o diferente, o “não normal”, era até mesmo cruel e violento em parte das civilizações. [...].


De acordo com o autor, percebe-se a maneira cruel que tratavam os ditos “não normais”, uma vez que ser diferente na época era motivo para sofrimentos, pois a diferença não era aceita pela sociedade daquele tempo.
O termo dificuldades de aprendizagem surgiu apenas no ano de 1963, “[...] quando Samuel Kirk popularizou o termo Dificuldades de Aprendizagem (learming disability) [...]” (SILVA, 2008, p.2), até então as crianças que apresentavam estes problemas, faziam parte do grupo de pessoas com necessidades especiais (PNE) sem um aprofundamento do que realmente representava estes distúrbios.
De acordo com Silva (2008) muitos outros autores pesquisaram sobre o tema, mas as observações feitas por Kirk serviram de base para uma possível compreensão de órgãos ligados aos interesses dos alunos como também para familiares. Assim como relata Sanchez (1998) apud Silva (2008, p.3):

[...] as dificuldades apresentadas pelas crianças eram inexplicáveis e, além de não se encaixarem na educação especial, tampouco estavam relacionadas com o nível de inteligência, ambiente familiar ou instrução oferecida, pois eram perfeitamente adequados: usou o termo dificuldades de aprendizagem (Learning Desabilities) para referir-se a problemas na aprendizagem acadêmica. Lançou, assim, uma proposta educativa, não médica, deixando o problema possível de ser dividido e discutido com, além de especialistas, pais professores, governo e a sociedade em geral.
            De acordo com Silva (2008), a proposta de Kirk proporcionou uma nova perspectiva sobre o tema, possibilitando novos diagnósticos desta vez não somente da medicina, mas do convívio do aluno na família, na escola e em sociedade. Evidencia-se que apesar de esta proposta abranger a todos os interessados, as dificuldades de aprendizagem tornaram-se problema apenas das escolas, as quais necessitaram de muitos anos para inserir e diferenciar os métodos de trabalho pedagógico para com as crianças que apresentavam tais distúrbios.
            Por muitos anos, as crianças com dificuldades de aprendizagem foram consideradas um problema dentro das salas de aula sendo retiradas do convívio escolar, tendo como destino, na maioria dos casos, as classes especiais, que atuavam como um depósito de educandos problemáticos cada qual com um déficit diferente, porém tratados de forma padronizada. O que em pouco solucionava os problemas apresentados pelas crianças e de acordo com Le Boulch (1988, p. 27):

Ante a importância do problema, ele se institucionaliza, o que significa que é encarado como um fenômeno normal, e o lugar deixado às pedagogias dita “especiais” não cessa de crescer. A criação dos GAPP (Grupos de ajuda Psicopedagógicos) e das classes de adaptação resulta na colocação de duas escolaridades paralelas: uma, para indivíduos ditos normais; a outra, para indivíduos- problemas. Nosso temor é de que o sistema que contribuiu para manter e mesmo para criar os indivíduos – problemas, seja mal adaptado para lhes assegurar depois do tratamento.



            Toda esta generalização e nova adaptação sejam com outros educandos ou até mesmo com um novo estilo de trabalho do profissional que o recebia gerava um processo de desmotivação da criança, podendo até mesmo criar um retrocesso contrariando o objetivo principal das instituições que era o de sanar as dificuldades apresentadas pelo aluno. Assim relata Jardim (2001, p. 18):


A escola foi impondo exigências, ao tempo em que foi se abrindo a um maior número de crianças, o que possibilitou não só o aumento das taxas de escolarização, mas também dos processos de inadaptação. Os métodos utilizados podem ser eficazes para a maioria das crianças, mas também podem segregar outras.

           
            De que acordo com estas idéias é possível concluir que a generalização dos conteúdos trabalhados poderá atender uma parte dos alunos inseridos na instituição, deixando de lado aqueles que não acompanham estes conteúdos programáticos. Porém quando a equipe pedagógica tem consciência do que são as dificuldades de aprendizagem, facilita a compreensão da causa do aluno não aprender. Deste modo esclarece Fonseca (2009, p.139) a respeito do conceito dado por Kirk às dificuldades de aprendizagem:

O conceito de dificuldades de aprendizagem (DA) introduzido por Samuel Kirk em 1963 não é ainda hoje consensual, quer em termos de elegibilidade quer de identificação. Todavia a condição de DA é amplamente reconhecida como um problema que tende a provocar sérias dificuldades de adaptação à escola, e frequentemente projeta-se ao longo da vida adulta.


De acordo com o que relata o autor, ainda não se tem um acordo consensual tanto quanto à elegibilidade como à quanto sua identificação por parte dos estudiosos sobre o assunto.  No meio escolar percebe-se que há muitas incertezas o que podemos concluir diante do que esclarece Fonseca (2009) é a existência das dificuldades de aprendizagem e o reflexo delas na vida do sujeito aprendente.
            Muitas vezes, alguns profissionais da educação tendem a procurar rótulos ou culpados para os resultados não satisfatórios apresentados em sala de aula e por fim acabam apontando o meio familiar em que o aluno está inserido como responsável pela postura e comportamento deste sujeito na instituição escolar. Apontam desculpas para os fatores que levam o aluno a se deparar com dificuldades de aprendizagem, sendo algumas delas: a preguiça, o desinteresse, a desestruturação familiar, entre outros, que muitas vezes são usadas pelos educadores como uma maneira de tirar suas responsabilidades diante do fracasso. Neste sentido informa Sá (2005, p. 63):

A verdade é que, naquele grupo heterogêneo que é a turma, há alunos individualmente diferentes, com ritmos e estilos de cognição diferentes e motivações diversas, constituindo um “mapa de aprendizagens”  totalmente peculiar.[...] aqueles que aprendem menos que os outros, mais lentamente que os outros, diferentemente dos padrões esperados; há os que pelo menos aparentemente, nada aprendem – são os que fracassam na escola; e há os que aprendem mais rapidamente que os demais, e que rapidamente se desinteressam das atividades, tendo problemas de disciplinas.


            Evidencia-se que por causa destes rótulos e acusações em alguns casos despercebidas ou até mesmo sem intenção de afetar o aluno, estes profissionais tendem a contribuir para o agravamento dessas dificuldades, deixando o aluno cada vez mais desmotivado a aprender e a frequentar a sala de aula. Por isso, enquanto profissionais ligados à educação é necessário perceber o aluno como um indivíduo com sentimentos e sujeito à realizações e frustrações, seja em sala de aula ou fora do espaço escolar. É preciso que o professor motive o aluno e estabeleça com ele um laço afetivo para que facilite o aprendizado de ambos.
            A escola age como mediadora preparando o aluno intelectual e socialmente recebendo-o e tornando-o cidadão. Neste sentido relata Souza (2009, p.114):

A escola e os professores são também importantes mediadores, pois interpõe-se entre a criança e o aluno ao mundo social mais amplo e se responsabilizam por ensinar-lhes conteúdos, por fazê-las aprender, por desenvolver sua inteligência e sua afetividade. [...].


De acordo com estes relatos é possível concluir que a escola contribui para a formação social e intelectual do aluno, por este motivo entende-se que a escola ocupa um lugar de extrema importância na vida do mesmo. Nela a criança aprende teorias e comportamentos que vão refletir dentro e fora da instituição.
Da mesma maneira alguns educadores apontam que a criança reflete na escola o comportamento que tem em casa e, portanto é plausível afirmar que o comportamento escolar pode ser repetido no convívio familiar.
           
2.2 O CONTEXTO DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: TEORIAS E CARACTERÍSTICAS

Desde o nascimento estamos aprendendo e passando por diversos processos de aprendizagem assim como pontuam Piaget (1968), Freud (1920), Vygotski (1988), Piletti (2003) e demais outros que dedicaram seus estudos voltados para a compreensão do desenvolvimento e comportamento humano. Considerando as teorias entende-se que o ser humano é um sujeito aprendente termo utilizado por Hugo Asmamn (2003), ou seja, é capaz de construir aprendizagens. Porém nota-se que cada aprendiz tem sua maneira e seu tempo para construir estas aprendizagens, diante do que lhe desperta interesse. Se não forem respeitados estes requisitos poderão futuramente resultar em fracassos na vida social ou escolar. Neste sentido Dabas (1988) apud Rubinstein (2009, p.39) esclarece o conceito de aprendizagem ao afirmar que:

[...] Aprendizagem é o processo pelo qual um sujeito, em sua interação com o meio, incorpora a informação oferecida por este, segundo suas necessidades e interesses. Elabora esta informação através de sua estrutura psíquica, construída pelo interjogo do social, da dinâmica do inconsciente e da dinâmica cognitiva, modificando sua conduta para aceitar novas propostas e realizar transformações inéditas no âmbito que o rodeia.
(RUBINSTEIN, 2009, p.39)


Deste modo pode-se concluir que ao aprender, o sujeito se familiariza com o meio que foi inserido, captando as informações e selecionando- as de acordo com suas necessidades e interesses e assim, por estar agregando novas informações passa a modificar seu comportamento.
Nota-se que a repetição de um comportamento não concretiza a aprendizagem torna-se apenas um reforço do que já aprendeu.  Neste sentido assim como relata também PILETTI (2003, p.32) explica: “Só há aprendizagem na medida em que houver uma mudança de comportamento”.
Os insucessos na vida escolar de crianças que mesmo tendo as capacidades intelectuais necessárias, não conseguem atingir o rendimento esperado pelos professores, não aprendem como as demais crianças da turma, apesar de os métodos utilizados serem os mesmos. Ainda assim não atingem os mesmos resultados, são apontados por alguns educadores como sendo crianças com dificuldades de aprendizagens, o que em alguns casos podem ser apenas dificuldades escolares. De acordo com que relata Rubenstein (2009, p. 41):

[...] para compreender o insucesso escolar é fundamental levar em consideração a complexidade dos fatores envolvidos no processo ensino – aprendizagem. Significa considerar o aluno, seu entorno e o modo como ocorreu à transmissão.


Sendo assim pode-se concluir que os educadores precisam compreender o sujeito aprendente respeitando todo o processo que este passa para construir suas aprendizagens e maneira que são transmitidos os conteúdos para que ocorram estas aprendizagens.
O problema não é simplesmente que a criança tem dificuldade em acompanhar seus colegas de turma, o que acontece é que seu desempenho não é compatível com o seu próprio potencial. De acordo com as autoras Goméz e Terán (2009, p.95):

[...] Uma criança com dificuldades de aprendizagem é aquela que não consegue aprender com os métodos com os quais aprendem a maioria das crianças, apesar de ter bases intelectuais apropriadas para a aprendizagem. Seu rendimento escolar está abaixo de suas capacidades. [...] (GOMÉZ e TERÁN, p. 95)


A partir destas análises pode-se evidenciar que as crianças com dificuldades de aprendizagem precisam de um trabalho diferenciado e individualizado atendendo especificamente a necessidade que apresenta, uma vez que estas não conseguem aprender com os métodos tradicionais comum a todos da classe.
Levando em consideração o fato de que todos somos aprendizes e que cada um tem uma forma diferente para adquirir e assimilar os conhecimentos, é que se faz necessária a observação das crianças que estão inseridas nas instituições educacionais, se estas estão acompanhando o que esta sendo repassado e se os métodos utilizados pelos educadores estão atendo as necessidades destas crianças. Segundo informa Sá (2005, p. 67):


Não são apenas as dificuldades de aprendizagem as causas do fracasso escolar – aliás, nunca há uma causa única – nele estão presentes as dificuldades de ensinagem, que muito contribuem para intensificar as dificuldades de aprendizagem. (grifos da autora)


De acordo com esta autora o fracasso escolar não se justifica apenas pelas dificuldades encontradas pelos alunos, as dificuldades de ensinagem termo utilizado pela autora, é o resultado de múltiplos fatores intra- escolares tais como o contexto emotivo e a relação professor aluno, ou os conteúdos programáticos que podem estar envolvidos na ação de ensinar e do não aprender.
As crianças com dificuldades de aprendizagem não são crianças incapazes, apenas apresentam alguma dificuldade para aprender, seu aprendizado é mais lento e ela necessita de maior atenção por parte dos educadores.
De acordo com Guerra (2002, p. 64) as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem não podem ser confundidas com crianças que apresentam quadros de deficiência, pois:


[...] crianças com dificuldades de aprendizagem não são deficientes, não são incapazes e, ao mesmo tempo, demonstram dificuldades para aprender. Incapacidades de aprendizagem não devem ser confundidas com dificuldades de aprendizagem.

Ainda na análise de Guerra (idem) as dificuldades no aprendizado não devem ser comparadas com deficiência, e muito menos comparadas com incapacidade de aprendizagem, uma vez que a criança que apresenta dificuldades de aprendizagem tem capacidade de aprender, porém necessita de um tempo maior para assimilar os conhecimentos. De outra forma ela não consegue construir suas aprendizagens de maneira tradicional, pois precisa que sejam diversificados tanto os conteúdos como a didática de sala de aula para que esta possa realizar o processamento das informações e construção do conhecimento.
 De acordo com Strick e Smith (2001) apud Silva (2008, p.6), as dificuldades de aprendizagem não são apenas um único distúrbio, mas um conjunto de problemas que podem afetar o indivíduo no seu desempenho escolar:

[...] as dificuldades de aprendizagem refere-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico. As dificuldades são definidas como problemas que interferem no domínio de habilidades escolares básicas, e elas só podem ser formalmente identificadas até que uma criança comece a ter problemas na escola. As crianças com dificuldades de aprendizagem são crianças suficientemente inteligentes, mas enfrentam muitos obstáculos na escola. São curiosos e querem aprender, mas sua inquietação e incapacidade de prestar atenção tornam difícil explicar qualquer coisa a eles. Essas crianças têm boas intenções, no que se refere a deveres e tarefas de casa, mas no meio do trabalho esquecem as instruções ou os objetivos.

Neste sentido pode-se chegar à conclusão que estas crianças expressam a necessidade de aprender, mas por apresentarem alguns comportamentos como a inquietação e a incapacidade de prestar atenção este aprendizado não se concretiza e assim acabam perdendo com estes comportamentos as principais informações passadas pelos educadores, tornando-as então incapazes de realizar as atividades solicitadas, o que abala o auto-estima delas.
            De acordo com Fonseca (1995, p. 252) as principais características dos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem são as seguintes:

[...] dificuldades de aprendizagem nos processos simbólicos: fala, leitura, escrita, aritmética, etc., desenvolvimento (saúde, envolvimento familiar estável, oportunidades sócio-culturais e educacionais, etc.) A criança com DA manifesta uma diversidade de comportamentos que podem ou não ser provocados por disfunção psiconeurológica.Manifesta frequentemente dificuldades no processo de informação quer no nível de recepção, quer ainda no nível interativo e expressivo.
            Deste modo Fonseca (idem) explica que, as dificuldades podem ou não ser resultantes de problemas neurológicos. Observa-se diante dos resultados apresentados pelos alunos em sala de aula, que estas dificuldades se manifestam no começo da vida escolar da criança. No momento em que está recebendo as informações interagindo e assimilando-as, para então processar para os futuros anos escolares. Sabe-se que são nos primeiros anos que o sujeito aprendente forma a base de seus conhecimentos e estes precisam ser reforçados ou relembrados pelos professores para que no futuro as pequenas falhas de assimilação e compreensão não resultem no fracasso escolar.
            Muitas abordagens são feitas para definir as dificuldades de aprendizagem, porém no presente estudo acredita-se que a descrição apontada por Strick e Smith (1997) apud Correia e Martins (2010, p.8) informam que:


“Dificuldades de aprendizagem” é um termo genérico que diz respeito a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por problemas significativos na aquisição e uso das capacidades de escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou matemáticas. Estas desordens presumivelmente devidas a uma disfunção do sistema nervoso central são intrínsecas ao indivíduo e podem ocorrer durante toda a sua vida. Embora as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições de incapacidade (por exemplo, privação sensorial, deficiência mental, perturbação emocional grave) ou com influências extrínsecas (tal como diferenças culturais, ensino inadequado ou insuficiente) elas não são devidas a tais condições ou influências.


Deste modo entende-se que as dificuldades de aprendizagem provêm de um grupo heterogêneo de desordens, que se manifestam no indivíduo no momento em faz a aquisição e uso das capacidades voltadas para a aprendizagem as quais podem ser tanto intrínsecas como extrínsecas do sujeito.
            Cada criança apresenta um comportamento diferente ao receber informações, e a criança com dificuldades também apresenta comportamentos diferenciados necessitando de auxílio e maior atenção individual para que possam absorver os conhecimentos transmitidos.
As crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam comportamentos e condutas diferenciadas das demais crianças da instituição escolar. Neste sentido, de acordo com Jardim (2001, p.113):

A criança com dificuldades de aprendizagem possui, no plano educacional, um conjunto de condutas significativamente desviantes da população escolar em geral.
Entretanto, não é uma criança deficiente – vê e ouve bem, comunica-se e não possui uma inferioridade mental global. Ela acusa problemas de comportamento e pouco se beneficia dos programas escolares regulares, não atingindo, muitas vezes, as exigências e os objetivos educacionais mínimos. Trata-se de uma criança normal em alguns aspectos, mas desviante e atípica em outros, que por si só, exigem processos de aprendizagem que não se encontram disponíveis nas salas de aulas ditas normais. (JARDIM, 2001, p.113)


Sendo assim evidencia-se que a respeito das características do aluno que apresenta dificuldades de aprendizagem, este indivíduo não possui deficiência física. Com este aluno os conteúdos programáticos tradicionais não atendem suas necessidades educacionais, pois precisam ser trabalhados com recursos pedagógicos diferenciados.
Quando não compreendida a criança poderá revelar comportamentos agressivos ou isolar-se como formas de defesa para enfrentar o que é novo para ela e de difícil assimilação passando a ser rotulada por alguns educadores como alunos indisciplinados, com falta de vontade, preguiça entre outros. Neste sentido relata Rubenstein (2009, p. 41) declara que: “Ocorre que muitos dos educadores ofuscados pelo sucesso da minoria esperam o sucesso incondicional de todos”.
Desta forma nota-se que alguns dos educadores acabam buscando o sucesso de todos da turma, muitas vezes tomam por base apenas uma parte dos alunos que estão inseridos na sala de aula, deixando de lado aqueles que apresentam problemas e necessitam de atenção individual.
            Diante da experiência adquirida com atuação profissional docente com alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, observou-se que as dificuldades não são uma característica do aluno, observação feita também por Fonseca (2003), o que podemos caracterizar é o tipo de dificuldade que este encontra ao construir a aprendizagem.
            As dificuldades de aprendizagem podem ser reveladas de diversas formas ou de modos variados e em diferentes momentos. Estas dificuldades fazem com que a criança tenha uma linha desigual em seu desenvolvimento acadêmico resultando em atrasos no processo de ensino aprendizagem. Nota-se que as dificuldades de aprendizagem encontradas pelo indivíduo no decorrer de seu aprendizado poderão futuramente contribuir para que a criança se depare com diversos obstáculos para conduzi-lo, porém constata-se que é difícil para os educadores compreender tais dificuldades.
            Tendo ainda como referencial o trabalho de Fonseca (1995) sobre a questão das dificuldades de aprendizagem, evidencia-se sua contribuição para a caracterização mais abrangente destas dificuldades a partir de suas manifestações. Na diversidade de comportamentos que as crianças com tais distúrbios desenvolvem, surgem inúmeros problemas que se vinculam e comprometem a aprendizagem. Segundo o autor, esses problemas podem ser tanto cognitivos, como perceptivos, emocionais, entre outros, que de alguma forma estão interligados e tendem a gerar problemas de comportamento, tão freqüentes em crianças com dificuldades de aprendizagem.
            A variação no desempenho escolar deve ser entendida de forma relativizada, pois o conceito de padrão ou normalidade poderá ser confundido com algum desempenho maior em um determinado momento e menor desempenho em outro do seu aprendizado analisa Fonseca (2003). Mas, o grande problema que se evidencia é que o cotidiano escolar dá ênfase a uma aprendizagem tranqüila, sem problema, com facilidades, unindo-se com a prática de um procedimento de ensino que é único para todos, que não permite a possibilidade de modos distintos e diferenciados de ensinar, nem de aprender.
A atualidade é marcada pela multiplicidade de pesquisas, muitas de cunho interdisciplinar, sobre o fracasso escolar. Esses estudos não negam a importância dos fatores intra- escolares na origem das dificuldades de aprendizagem onde estas em comum têm a critica da seletividade social, a inadequação das instituições que recebem as crianças, a falta de compreensão da realidade dos alunos por parte de alguns dos educadores e destacam a importância da escola no processo de transformação social do indivíduo.

2.3 CLASSIFICAÇÃO, DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

As escolas, professores e a família poderão identificar as dificuldades de aprendizagem através de diversas observações feitas no cotidiano da criança, por meio de dados escolares, comportamentais e dados médicos. Todas estas informações coletadas e também a convivência com a criança contribuirão para ajudar a compreender e a intervir pedagogicamente se necessário. Toda informação vinda do cotidiano seja em qualquer momento da vida escolar do indivíduo torna-se importante para o diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem como por exemplo: período de ingresso na escola, comportamento em casa, de que maneira se socializa no ambiente escolar e fora dele, o desempenho escolar, etc. Todas as informações coletadas contribuirão para analisar as hipóteses levantadas pelos educadores referentes às dificuldades de aprendizagem.
Para que não sejam feitas análises errôneas evidencia-se que é preciso que sejam levadas em consideração que a qualquer sinal de alguma dificuldade a mesma precisa ser compreendida e desvinculada de qualquer conceito ou referência de sucesso ou fracasso escolar.
            As dificuldades de aprendizagem podem ser reveladas de diversas formas como também por variados comportamentos e em diferentes momentos. Estas dificuldades de aprendizagem fazem com que a criança apresente um desempenho desigual em seu desenvolvimento escolar quando comparadas às demais crianças da turma com bom ritmo de aprendizagem na compreensão e assimilação dos conhecimentos ministrados no decorrer dos anos letivos resultando um atraso no seu processo de aprendizagem.
            De acordo com Silva (2008) o diagnóstico tem como objetivo coletar o maior número de informações a respeitos dos indivíduos em estudo, considerando todo o contexto em que este esteja inserido:

[...] a importância do diagnóstico, tendo como objetivo coletar informações precisas e confiáveis sobre a competência da criança. Isso pode ser feito através de provas formais de habilidades e sucesso acadêmico que demonstrem se o desenvolvimento da criança esta alterado ou atrasado. E para que essa avaliação seja boa, ela deve considerar todo o contexto no qual o sujeito está inserido. As informações sobre o desenvolvimento normal é que nos dão orientação sobre onde reside o problema da criança com dificuldades. [...].



Deste modo entende-se que, para de fato haver um diagnóstico preciso faz-se necessário que todas as informações a respeito da criança apontada com dificuldades de aprendizagem sejam fornecidas, mais uma vez é importante ressaltar a necessidade da corrente: família, educador e escola.Isto se deve ao fato de que para coletar tais informações específicas somente com a colaboração de todos é que o grupo de profissionais incumbidos do diagnóstico poderá ter sucesso no levantamento dos dados e identificação da ou das dificuldades de aprendizagens.
Nota-se que quanto mais precoce for feita a identificação destas dificuldades maior será a probabilidade da criança ser inserida novamente no processo educacional, já que assim os educadores poderão diversificar seu fazer pedagógico, possibilitando assim a compreensão dos conteúdos por parte de todos os alunos, não somente daqueles que são apontados como alunos “normais”. Observa-se que as preocupações com os alunos que não acompanham os demais colegas da sala de aula, se voltam para a observação e verificação dos principais indicadores para que se proceda a identificação das dificuldades de aprendizagem. Segundo informam Correia e Martins (2010, p. 12 e 13) estes indicadores poderão ser observados através de duas listas de verificação. A seguir apresenta-se o quadro 1 que contém os indicadores de diagnóstico de dificuldades de aprendizagem a ser verificada por pais e professores:

Lista de Verificação
Conjunto de sinais que podem ser indicadores de Dificuldades de
Aprendizagem:
O indivíduo tem problemas em:
Organização
Conhecer as horas, os dias da semana, os meses e o ano;
Gerir o tempo
Completar tarefas
Encontrar objetos pessoais
Executa planos
Tomar decisões
Estabelecer prioridades
Sequencialização
Coordenação Motora
Manipular objetos pequenos
Desenvolver aptidões de independência pessoal
Cortar
Estar atento ao que o rodeia
(muito dado a acidentes/ tropeça com frequência)
Desenhar
Escrever       
Subir e correr
Desportos
Atenção e concentração
Completar tarefas   
Agir depois de pensar
Esperar                    
Relaxar                    
Manter-se atento    
(sonhar acordado) 
Distração      
Comportamento Social  
Iniciar e manter amizades
Julgar situações sociais
Impulsividade         
Tolerância à frustração
Interações    
Aceitar mudanças nas rotinas diárias
Interpretar sinais não verbais
Trabalhar em cooperação
Linguagem falada ou escrita
Aquisição da fala   
Articular                   
Aprender vocabulário novo
Encontrar palavras certas
Rimar palavras       
Diferenciar palavras simples
Leitura e /ou escrita           
(dá erros frequentes tal como reversões (b/d), inversões
(m/w), transposições
(ato/ota) e substituições;
(carro/cama)
Seguir instruções   
Compreender ordens
Contar histórias      
Discriminar sons    
Responder a perguntas
Compreender conceitos
Compreensão da leitura
Soletrar                    
Escreve histórias e textos
Memória                  
Recordar instruções           
Recordar fatos        
Aprender conceitos           
Matemáticos;           
Reter matérias novas
Aprender o alfabeto           
Transpor sequências numéricas
Identificar sinais aritméticos
(+, -, x, :,=)                
Identificar letras      
Recordar nomes     
Recordar eventos   
Estudar para os testes
Quadro 1: Quadro de identificação de Comportamentos dos alunos com Alunos com                   Dificuldades de aprendizagem.

Fonte: ESCALA DE COMPORTAMENTO ESCOLAR apud Correia e Martins (2010, p.12).

A seguir apresenta-se o Quadro 2 que demonstra como verificar os comportamentos para que pais e educadores possam identificar a partir dos indicadores da linguagem, da memória, da atenção, da motricidade fina e das outras funções por  acompanhamento do nível escolar da criança para que se desvele as das dificuldades da mesma na escola e que merecem um tratamento psicopedagógico:


Pré- escola
Níveis Iniciais
Níveis Médios

   Níveis Superiores


Linguagem

Problemas de articulação. Aquisição lenta de vocabulário.
Falta de interesse em ouvir histórias.
Atraso na descodificação de leitura. Dificuldades em seguir instruções. Soletração pobre.
Compreensão pobre de leitura. Pouca participação verbal na classe. Problemas com palavras difíceis.
Dificuldades em argumentar problemas. Problemas na aprendizagem de línguas estrangeiras. Expressão escrita fraca. Problemas em resumir.
Memória
Problemas na aprendizagem de números, alfabeto, dias da semana, etc. Dificuldades em seguir rotinas.
Dificuldades em recordar fatos. Problemas de organização. Aquisição lenta de novas aptidões. Soletração pobre.
Dificuldades em recordar conceitos matemáticos. Dificuldades na memória imediata.

Problemas em estudar para os testes. Dificuldades na memória de longo termo.
Atenção
Problemas em permanecer sentado (quieto). Atividade excessiva. Falta de persistência na tarefa.
Impulsividade, dificuldade em planificar. Erros por desleixo. Distração.
Inconstante. Difícil autocontrole. Fraca capacidade para perceber pormenores.
Problemas de memória devido a fraca atenção. Fadiga mental.
Motricidade fina
Problema na aquisição de comportamentos de autonomia (exemplo: apertar os cordões dos sapatos). Desajeitado. Relutância para desenhar ou tracejar.
Instabilidade na preensão do lápis. Problemas na componente grafomotora da escrita (forma das letras, pressão do traço, etc.).
Manipulação inadequada do lápis. Escrita ilegível, lenta ou inconsistente. Relutância em escrever.
Diminuição da relevância da motricidade fina.
Outras funções
Problemas na aquisição da noção de direita ou esquerda (possível confusão Visio-espacial). Problemas nas interações (aptidões sociais pobres).
Problemas com a noção de tempo (desorganização temporal seqüencial). Domínio pobre de conceitos matemáticos.
Estratégias de aprendizagem fracas. Desorganização no espaço ou no tempo. Rejeição por parte dos pares.
Domínio pobre de conceitos abstratos. Problemas na planificação de tarefas. Dificuldades na realização de exames, testes...

QUADRO 2- Quadro de verificação de comportamentos de crianças com Dificuldades de Aprendizagem.
Fonte: LISTA DE VERIFICAÇÃO LEVINE apud Correia e Martins (2010, p. 13)

Através da sugestão dos quadros apresentados acredita-se que pais e professores poderão acompanhar a criança coletando informações, possibilitando a elaboração de dados para que se necessário for, seja feita intervenção de um profissional por meio de dados precisos e com objetivo de minimizar ou até mesmo suprimir os problemas verificados.
            Para além dos conceitos sobre as dificuldades de aprendizagem, necessário se faz apresentar algumas classificações deste fenômeno na escola. De antemão sabe-se por leituras realizadas (Garcia, 1998, Jardim, 2001, Fonseca, 1995 e o manual ano) que os autores não são unânimes no momento da classificação das dificuldades de aprendizagem. No presente estudo apresenta-se um conjunto de classificação usando-se como critério empírico a experiência docente da pesquisadora no Projeto de “Apoio aos Alunos com Dificuldades de Aprendizagem” do Programa Universidade Sem Fronteiras Sub Programa Apoio às Licenciaturas financiado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Paraná (SETI).
            Antes de se apresentar a classificação julga-se importante reportar-se a alguns conceitos segundo apresenta Jardim (2001, p.108 – 111) no quadro a baixo:

Disfunções cerebrais

Da linguagem falada

Disnomia: dificuldade de lembrar palavras ou designar objetos e lugares;
Disfasia: distorção ou emissão de palavras, utilização incorreta dos tempos dos verbos e outras imprecisões gramaticais;
Dislalia: dificuldade de articular palavras ou atraso da fala;
Dislogia: perturbação da expressão verbal por defeito da inteligência; ocasiona parada súbita no meio da frase;
Disartria: alteração da linguagem devida a defeitos articulatórios ou problemas neurológicos;
Deficiência mental: situação estável e não progressiva de uma insuficiência ou inadequação intelectual que se origina durante o período de desenvolvimento e impede o ajustamento social independente;
Disfonia: alteração da voz e da palavra.
Da linguagem escrita
Dislexia: dificuldade patológica de ler e compreender palavras;
Disgrafias: dificuldade de escrever palavras;
Disortografia: dificuldade ou incapacidade de transcrever corretamente a linguagem oral, havendo trocas ortográficas e confusão de letras.
Da linguagem quantitativa
Discaulculia: dificuldade em aprender aritmética.
Problemas perceptivos
Do processo auditivo
Do processo visual
·    Discriminação
·    Síntese
·    Memória de curto prazo
·    auditorização

·    discriminação
·    figura – fundo
·    complemento
·    constância da forma
·    posição e relação espacial
·    visualização
Problemas psicomotores
·    dificuldades posturais
·    problemas de lateralidade
·    imagem do corpo
·    estruturação espaço – temporal
·    praxia global
·    praxia fina; ou visuomotricidade; destralidade
Afecções biológicas
Do sistema nervoso central
·     Lesões cerebrais;
·    Paralisia cerebral: forma de encefalopatia crônica não – evolutiva, na qual são predominantes os distúrbios de motricidade;
·    Epilepsia: condição clínica caracterizada por abalos musculares crônicos permanentes que interessam um segmento corpóreo.
Dos sistemas sensoriais
·    Deficiência auditiva: audição prejudicada por doenças, não se ouve direito, provocando dispersão da atenção; hipoaclisia;
·    Deficiência visual: dificuldade em enxergar o que se escreve a determinada distância; amblopia.
Problemas de comportamento
Fatores ecológicos e socioeconômicos
·    Hiperatividade
·    Imaturidade socioemoconal
·    Distrabilidade
·    Impulsividade
·    Hostilidade
·    Dependência
·    Neuroses
·    Psicose
·    Envolvimento afetivo
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Quadro 3: Quadro dos Tipos de Dificuldades de Aprendizagens

Fonte: TIPOS DE DIFICULDADES apud Jardim (2005, p.108-111).

De acordo com que pontua o autor, é possível concluir que não devemos tratar as dificuldades de aprendizagem como se estas fossem problemas sem solução. Compreendê-las e conhecê-las pode ser o primeiro passo.
Como educadores e profissionais da educação devemos vê-las como desafios que fazem parte do processo ensino-aprendizagem. Tornando-se necessária a identificação e prevenção o mais precocemente possível destes distúrbios.


2.4 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
           

Atualmente observa-se que são bastante expressivos os relatos dos educadores sobre o elevado número de alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem. Porém identificar e diagnosticar uma criança com problemas de aprendizagem é algo muito complexo, pois se deve levar em consideração muitos elementos de observação e avaliação. Como por exemplo, fatores biológicos, as causas, o ambiente social e escolar entre outros para que esta identificação não seja errônea. Segundo informa Jardim (2005, p. 106) sobre a: “identificação e o diagnóstico das dificuldades de aprendizagem são um problema complexo, visto que devem basear-se em fatores psiconeurológicos e a investigação devem ser fidedignas”.
Deste modo entende-se que os envolvidos no processo de identificação e diagnóstico das dificuldades de aprendizagem devem fornecer as informações mais fidedignas possíveis para que o diagnóstico seja preciso.
            É importante destacar que o aluno com dificuldades de aprendizagem nem sempre é identificado como tal por conseguir alcançar o desempenho mínimo necessário para ser aprovado. É o baixo rendimento, que leva ao insucesso escolar, às baixas notas, que indica os alunos que podem ter dificuldades, destacando-se do seu grupo de sala de aula. Essa forma de sobressair-se pode acarretar consequências no âmbito do grupo que nem sempre são positivas para o sujeito.
            Na análise de Silva (2008, p.11) amparado nas idéias de Fonseca (1995), sobre a identificação das dificuldades de aprendizagem na escola:


Na verdade, o que ocorre na prática é que os alunos com dificuldades de aprendizagem são identificados com base em critérios pedagógicos arbitrários, senão em pareceres e avaliações médicas (pediátricas, neurológicas ou psiquiátricas) ou psicológicas tradicionais: os testes mais freqüentes utilizados por estes últimos não passam por quaisquer tipos de adequação ou conversão educativa.



            Conhecer a criança em sua totalidade respeitando todo o seu processo de construção e assimilação do conhecimento é elemento fundamental para compreendê-la quando está esteja apresentando sinais de dificuldades de aprendizagem, pois cada um dos aprendentes possui estratégias diversificadas no momento do aprendizado.  Assim como informa Fonseca (2009, p. 159): “Cada criança ou jovem com Dificuldades de Aprendizagem deve ser identificada como um indivíduo total, dadas as características únicas do seu perfil de desenvolvimento e de aprendizagem (diferenças intra- individuais) [...]”.
            Assim evidencia-se que o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem possui características únicas, oriundas do seu perfil de desenvolvimento e de aprendizagem, as quais não podem e não devem ser comparadas a qualquer outro aprendente uma vez, que estas são muito pessoais.
            As relações sociais dos indivíduos construídas desde o nascimento até a idade escolar é que formam o princípio da educação do mesmo, aprofundando os conhecimentos nas instituições escolares. Durante todo este intervalo entre o nascimento até a fase escolar pode-se ocultar traumas que poderão resultar em dificuldades de aprendizagem. Neste sentido Fonseca (2009, p. 159, 160):

Todo o processo de interação da criança ou jovem desde que nasce até que entra para as instituições escolares é a chave determinante para identificar sinais de risco que interferem com a maturidade e qualidade dos pré-requisitos que podem tender, mais tarde, para as Dificuldades de Aprendizagem ao longo do processo escolar.
(FONSECA, 2009, p. 159, 160).


Deste modo é possível concluir que, toda história de vida dos estudantes deve ser levada em consideração não somente a vida escolar, mas também familiar e a social em conjunto. Segundo Fonseca (idem) antes de entrar na instituição escolar a criança já passou por experiências que podem tender no futuro para as Dificuldades de Aprendizagem revelando no decorrer do processo escolar.
            Quando a criança é encaminhada para uma avaliação psicopedagógica é porque esta já passou por uma avaliação. O psicopedagogo fará então uma avaliação mais minuciosa levando em consideração a todos os dados anteriores que já lhe foram entregues por pais, professores, médicos, enfim de todos os envolvidos com a criança a ser avaliada.
            A respeito da avaliação psicopedagógica Fonseca (2009, p. 166, abreviação do autor), informa o seguinte: “A avaliação no âmbito das DA terá de ser de índole multi e transdiciplinar, envolvendo em termos ideais, no mínimo, as componentes médicas, psicológica e pedagógica exercidas por profissionais especializados.”
            Conforme informa Fonseca (idem) a avaliação referente às dificuldades de aprendizagens precisam de laudos de diversos profissionais incluindo os dados pedagógicos, ou seja, não sendo correto o diagnóstico de apenas um profissional ou de um profissional desabilitado.
Segundo Fonseca (2009, p. 166), dois tipos de avaliação psicopedagógica podem ser feitas, sendo estas referidas no Quadro 4 a seguir:









Avaliação psicopedagógica dinâmica
Avaliação psicopedagógica de acordo com o ensino clínico
Esta avaliação centra-se num processo de intervenção mediatizada que visa estimar, encorajar e promover a capacidade de aprendizagem dos alunos e não avaliar o seu potencial intelectual retrospectivo, habitualmente inadequado para as DA, por dar informações limitadas para o processo de decisão sobre a intervenção que se lhe deve seguir.

Implica um programa educacional individualizado (PEI), dado que aponta para a modificabilidade cognitiva dos alunos e para um processo de avaliação-intervenção mais complexo, que agrega aspectos de análise comportamental e funcional, de competência linguística e de seleção de serviços e equipamentos.

Quadro 4:  Avaliação psicopedagógica
Fonte: TIPOS DE AVALIAÇÃO PSICOPEDÁGICA apud Fonseca (2009, p.166).


            Diante deste quadro percebe-se que a avaliação mais indicada é a avaliação psicopedagógica de acordo com o ensino clínico uma vez que esta preza para o atendimento individualizado, agregando a análise comportamental e funcional diversificando o atendimento e os equipamentos utilizados para avaliar.
            O autor ainda informa que para que esta avaliação obtenha resultado precisa de modificações em algumas áreas:

No âmbito do ensino clínico, há que prever modificações: no contexto da organização escolar; no arranjo espaço – temporal da sala de aula; na instrução e na adaptação do currículo; na promoção de competência e habilidades cognitivas de organização, de atenção, de escuta e escrutínio, de processamento e planificação de estratégias de análise de tarefas, etc. (Fonseca, 2009, p.166 - 167)


            Seguindo as orientações do autor a instituição remodelaria a escola para atender as crianças com dificuldades. É um processo de inclusão destas crianças à nova estrutura educacional a qual por este modelo poderá agregar valor e desenvolver a capacidade de resposta ao sistema de ensino na sua totalidade.
            Segundo Fonseca (2009), a sociedade em geral e a escola em particular, assim como todos os seus agentes que lidam direta ou indiretamente com o desenvolvimento do potencial humano, ainda desconhecem as vantagens e os benefícios que tem o trabalho de intervenção do psicopedagogo.
           




3 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA


               O primeiro contato com o Projeto de Apoio aos Alunos com Dificuldades de Aprendizagem do Programa Universidade Sem Fronteiras Sub Programa Apoio às Licenciaturas financiado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Paraná (SETI) foi através do voluntariado como acadêmica do 1º ano do curso de Pedagogia em 2008. Como voluntária, pode-se constatar de que forma as bolsistas atuavam e qual era a finalidade do mesmo tanto para as crianças atendidas como também para as acadêmicas que faziam da atuação docente no referido projeto um laboratório de Pedagogia para as futuras práticas profissionais.
               A convivência com as realizações das acadêmicas gerou grande interesse em fazer parte do grupo, uma vez que os êxitos alcançados e relatados pelas mesmas eram fascinantes. Este desejo foi concretizado através da aprovação no processo de seleção para ingressar como acadêmica bolsista no referido projeto em 2009.
            A falta de contato com a docência era um fator de grande relevância, contudo o apoio da Coordenação do Projeto para enfrentar os desafios encontrados no decorrer da operacionalização do mesmo foi de vital importância.
            O trabalho docente com crianças com dificuldades de aprendizagem realizou-se através de atividades direcionadas visando suprir as dificuldades demonstradas pelos alunos, sendo estas diagnosticadas pelos professores regentes, pela equipe de Coordenação do referido projeto e pelo acompanhamento realizado pela acadêmica atuante.
A alfabetização foi trabalhada de maneira lúdica de forma diferenciada onde o aluno pudesse aprender brincando, ou seja, com prazer.
            Durante a atuação no ano de 2009 e 2010 foram atendidas 28 crianças com faixa etária de seis a dez anos a dez anos de 2º anos e 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental em uma escola de periferia da rede de ensino do Município de União da Vitória.
Para que a criança seja contemplada com o atendimento do projeto é necessário ela preencher alguns requisitos estipulados pela coordenação do mesmo tais como: estudar em escola pública, ser repetente ou apresentar algum nível de atraso no desempenho escolar e ser encaminhada pela professora regente da turma e não fazer parte de nenhum projeto oferecido pela escola parceira.
Depois de selecionada, a criança começa a frequentar o projeto e logo depois passa por uma avaliação psicopedagógica feita pela equipe do mesmo a qual procura-se identificar as prováveis dificuldades de aprendizagem, como também as possíveis atividades a serem trabalhadas no decorrer do ano de acordo com a necessidade de cada aluno.
            Para realizar as atividades na sala de aula do projeto foram utilizados materiais pedagógicos diversos tais como: jogos confeccionados em E.V.A e cartolinas, planos de aulas especiais e o caderno de atividades “Alegria de aprender” de autoria da professora Ms. Maria Sidney Barboza Gruner, editado e publicado com fundos do projeto. O caderno tem como objetivo auxiliar no aprendizado de cada educando.
            A cada encontro ocorreram situações em que foram construídas novas aprendizagens por ambas as partes: alunos e a acadêmica bolsista. Evidenciou-se que o trabalho pedagógico realizado é acima de tudo uma experiência que possibilitou novos conhecimentos, troca de experiências, pois ao mesmo tempo em que gerava desafios tornou-se também muito prazeroso. O quadro abaixo apresenta alguns depoimentos das aprendizagens construídas pela pesquisadora durante a operacionalização do projeto anexadas ao conteúdo dos relatórios mensais elaborados ao longo do exercício da docência nos anos de 2009 e 2010:

MÊS/ANO
DEPOIMENTOS
Fevereiro 2009
“Ser comparada a uma professora do quadro dos docentes da escola foi muito emocionante, relato isso porque está sendo minha primeira experiência com a docência e estou maravilhada.
    Como já havia dito estou maravilhada com a equipe da escola onde estou aplicando o projeto, pois fui acolhida por todos de tal forma que não tenho palavras para expressar o carinho que tenho recebido tanto da Supervisora que me presenteou com um livro de chamada com a personagem animada que gosto (Betty Boop),com este gesto mostrou o carinho que tem por sua equipe e o quanto acolheu o projeto em sua Instituição. A diretora deixou sua escola à minha disposição em quaisquer que fossem minhas necessidades.
As professoras que se dispuseram sanar minhas dúvidas caso surjam com relação aos alunos que elas me indicaram a satisfação das mesmas quando explanei sobre o projeto foi extremamente gratificante.
Minha presença foi solicitada pelas professoras para observar seus alunos em suas salas. Assim observa-se a importância do projeto para os profissionais daquela escola [...]   
Maio-2009
A cada encontro ocorrem situações em que são construídas novas aprendizagens por ambas as partes professora bolsista e alunos. O trabalho realizado é acima de tudo uma experiência que possibilita novos conhecimentos pedagógicos e humanos, o qual está sendo ao mesmo tempo desafiador e prazeroso, pois alguns alunos além de apresentarem Dificuldades de aprendizagem, apresentam também problemas emocionais e afetivos.
Março- 2010
Particularmente se constata que embora a operacionalização do projeto seja uma atividade profissional e que agrega experiência, o que deve também enfatizar é o gosto pelo exercício da profissão docente pela emoção de fazer parte da construção de conhecimento de indivíduos que encontram problemas, porém apresentam a capacidade de sucesso no processo de aprendizagem.
Abril- 2010
Perceber que estamos fazendo parte da história de uma pessoa é algo muito gratificante. E fazer parte do aprendizado de uma criança é algo que aspectos financeiros nenhum são capaz de pagar, pelos momentos vividos e aprendizagens construídas.
Tenho conversado com muitos profissionais a respeito de como é ser professora e ao final de todas as conversas estes terminam evidenciando que “não é fácil ser professor com a remuneração que temos!” Acredito que ser professor não resulta apenas no valor financeiro, existem muito mais contribuições nesta profissão que com os anos são desconsideradas. Percebe-se que quando escolheram atuar como professor alguns profissionais visaram apenas o aspecto financeiro e outros acabaram se desencantando ao longo dos anos de docência.
Tenho me realizado nestes dois anos e muitos dos meus tabus e afirmações sobre ser professora se desfizeram, pois a atuação no projeto agregou em mim a visão de responsabilidade pela vida acadêmica de muitas crianças as quais, se teve o prazer de ensinar e com elas aprender. Por isso me aplico cada dia mais com dedicação e comprometimento.
O ingresso da acadêmica no programa resultou no amor pela futura profissão, onde ocorreu a lapidação e transformação de uma acadêmica inexperiente e insegura em uma professora humana e capaz de compreender os problemas pelos quais os alunos estejam passando.
Resultado desta mudança é decorrente destes dois anos de docência promovidos pelo Projeto.
Junho- 2010
Ao longo destes dois anos tenho somado muitas aprendizagens, mas o que devo relatar é o prazer que tenho de fazer um relatório mensal agora, porque resolvi aceitar os apontamentos feitos pelas Professoras Rosana e Ana Paula onde sugeriram que anotássemos todos os acontecimentos das aulas e sempre fazer planos de aula. Seguindo estas recomendações facilitou a produção dos relatórios, não havendo a necessidade de resgatar na memória fatos passados, uma vez que estes já estarão registrados nas ocorrências diárias tornando o trabalho mais organizado e eficiente. As contribuições feitas pelas professoras somaram para excelência de meu trabalho e melhoram a condução das atividades propostas nos planos de aula. “

QUADRO 5- Quadro de Depoimentos
Fonte: RELATÓRIO MENSAL. Projeto de Extensão Universitária: Projeto de Apoio as Crianças com Dificuldades de Aprendizagem nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. SETI, 2009-2010.

            A partir destas reflexões e análises é que se compreende o processo de aprendizagem dos alunos e o papel docente no sentido de auxiliar no trabalho realizado é que se fez necessário a busca por novos conhecimentos pedagógicos. Esta busca resultou no ingresso da pesquisadora bolsista num curso de especialização em Psicopedagogia o qual se tornou mais uma ferramenta de apoio para a execução das aulas no referido projeto.
            É importante ressaltar que o material de insumo pedagógico utilizado pelos alunos e pela professora bolsista é financiado pelo projeto e as escolas parceiras oferecem o espaço físico que lhe é possível.
            A bolsista e os alunos possuem ficha de frequencia e são acompanhados pela Coordenação por meio de visitas sendo que as atividades realizadas com as crianças são registradas através de fotos (mediante autorização dos pais) registrando as situações ocorridas no dia a dia. Também são realizados relatórios mensais onde são relatadas todas as atividades aplicadas com os alunos e as reflexões necessárias para um fazer docente baseado na reflexão-ação. No quadro abaixo apresenta-se algumas atividades realizadas com os alunos nos anos de 2009 e 2010:

ATIVIDADES
Trabalhar a matemática
Seu mestre chamou
Descrição da atividade
Objetivo: Reconhecer as formas e promover a socialização.
Material: Uma peça de “Blocos Lógicos” para cada participante.
Desenvolvimento: As crianças devem sentar-se em círculo. A professora distribui uma peça para cada criança e fica no centro da roda. Este exercício pode ser graduado: Vêm para o centro os que tiverem quadrado. “Vem para o centro os que tiverem quadrado amarelos”. E assim por diante até todas as peças acabarem.

Caixa mágica
Objetivo: Promover a habilidade da soma mental e encontrar outras possibilidades de soma; Desenvolver a coordenação motora através do uso do computador.
Descrição da atividade
Material: O jogo da caixa mágica, computador para cada dupla participante
Desenvolvimento: O jogo consiste em jogar os dados assim que cair às crianças deverá realizar a soma e baixar o número exato da soma. Caso falte o numero de casas passa a vez e soma quantos pontos perdeu.

Boliche
Objetivo: Desenvolver noções de quantidade e seqüência numérica.
Material: garrafas pet, E.V.A, canetinha e cola quente.
Procedimento:
Confeccionar um boliche com 12 garrafas pet, contendo a seqüência numérica de 1 a 12.
Ao apresentar o jogo os alunos irão se familiarizar com os numerais e em seguida, ao jogar, devem ser incentivados a contagem do numero de garrafas que foram derrubadas.
Trabalhar o português
Bingo do alfabeto
Objetivos: Reconhecer as letras e trabalhar a coordenação motora fina;
Material: letras do alfabeto em E.V.A, caixa de sapato, cartela com letras desenhadas, lápis de cor e premio para o vencedor.
Desenvolvimento
Selecione letras do alfabeto, observando as letras presentes na maioria dos nomes das crianças, e coloque numa caixa. Convide as crianças para jogar o bingo. Antes de começar o sorteio das letras explique às crianças como são as regras de um bingo: só poderão colorir a letra sorteada.   A "cartela" de cada criança será composta pelo seu próprio nome escrito em letra vazada. O professor/a vai sorteando as letras que estão na caixa uma a uma e explorando o nome da letra ao mesmo tempo que caminha pela sala orientando as crianças. As crianças deverão colorir dentro da letra sorteada fazendo seu contorno.
Observe que nessa atividade é possibilitado à criança, reconhecer, nomear e "escrever" as letras do alfabeto de forma lúdica e prazerosa.
Depois que todas as letras forem sorteadas, dê uma premiação simbólica para as crianças. Pode ser: um balão, uma língua de sogra ou um pirulito.

Quebra-cabeça com figuras
Objetivo: Estimular a atenção, concentração e a capacidade de análise e síntese visual.
Material: imagens de revistas, cola, cartolina ou papel cartão e tesoura.
Procedimentos:
Selecionar figuras, que as crianças achem interessantes na revista recortá-las, colá-las em uma cartolina ou papel cartão, em seguida determinar as formas como serão divididas e recortadas em alguns pedaços. Em seguida a proposta é brincar de montar novamente as figuras encaixando as peças no lugar certo.

Dominó dos números e quantidades
Material: caixa de pasta de dente, cartolina, canetinha e cola.
Objetivo: Familiarizar as crianças com os números e suas respectivas quantidades, promovendo a discriminação e a comparação das diferenças; Desenvolver a concentração.
Procedimentos:
O jogo foi confeccionado com caixas de pasta de dente, no total 27 peças por jogo de dominó, as peças foram compostas de números e quantidade, no momento do jogo as crianças  observaram e encaixaram cada número próximo a sua quantidade. Todas as peças devem ser jogadas até que o dominó esteja exposto por completo para visualizarmos no chão.

QUADRO 6- Atividades aplicadas com crianças com Dificuldades de Aprendizagem.
Fonte: ATIVIDADES LÚDICAS PEDAGÓGICAS. Brandão e Froeseler (1997, p. 23 – 35).
            A cada encontro ocorrem situações em que são construídas novas aprendizagens por ambas as partes. Os educandos demonstram dedicação e contentamento ao realizarem as atividades propostas.
            Nota-se que ao ingressar nas aulas de apoio o aluno é uma criança insegura, muitas vezes amedrontada e desmotivada, mas ao finalizarem suas aulas sentem-se mais seguros para expressarem o conhecimento que adquiriram relatando fragilidades que possuíam e demonstrando as habilidades adquiridas seja na sala de aula, seja em atividades extra-classe. Torna-se claro o processo de cada aluno no decorrer do projeto, derrubando pouco a pouco os rótulos que receberam no início de sua alfabetização.
            A convivência com os educandos agregada aos estudos de especialização foram atributos importantes para a excelência da docência os quais renderam elogios da comunidade escolar e familiar dos mesmos, resultando em num reconhecimento profissional docente e competente, apesar de pouca experiência na atividade exercida.
            O contentamento dos educadores com a pesquisadora bolsista constatado por meio de relatos orais é reflexo de um trabalho exclusivo, direcionado e dedicado por parte de toda equipe do Projeto o qual resultou na diminuição do nível do fracasso escolar e alto nível de aprovação dos alunos atendidos.
            Outro fator que apontou o sucesso da operacionalização do projeto na referida escola foi a melhora na nota do IDEB (Índice de desenvolvimento da Educação Básica) que saltou de 4.4 em 2007 para 5.5 em 2009 projeção esperada para 2013 que foi alcançada no ano de 2009.
            Toda a atuação docente realizada no período em que fazem parte do projeto as bolsistas agregam experiências, tanto na área de pesquisa como também na docência com uma visão sensibilizada do educando. Por meio deste contato com a docência que o Projeto proporciona as acadêmicas se compreendem o elo existente entre a teoria e a prática profissional, uma vez que o objetivo principal da atuação no referido é de inseri-las no mercado de trabalho.



5  CONSIDERAÇÕES FINAIS
            A função de ensinar e aprender são exclusivas da escola, pois antes de ingressar neste ambiente, cada indivíduo carrega consigo um nível de conhecimento construído por meio de experiências obtidas no seu cotidiano social e familiar, este fator pode contar positiva ou negativamente durante sua vida acadêmica como também futuramente para o exercício da atividade profissional.
            Entendendo desta maneira é possível enfatizar o gosto pela docência, sendo esta uma tarefa extremamente surpreendente e com diversos obstáculos. Por isso se constata o quão necessário o trabalho em conjunto por parte dos educadores com uma equipe escolar que possa auxiliá-los em seu trabalho pedagógico.
            Ressalta-se ainda que a todo momento os sujeitos estejam adquirindo diversas aprendizagem ao longo da vida sejam elas empíricas ou científicas e como os alunos com dificuldades de aprendizagem, se deparam com obstáculos no decorrer deste processo de construção, por isso precisamos buscar sempre novas estratégias para superar estes obstáculos, da mesma maneira que os educadores devem buscar estratégias de trabalho para seus alunos  possam superar tais distúrbios.
            Identificar as necessidades que os educadores têm durante os anos em que estão na instituição é uma tarefa que precisa do empenho de muitos profissionais para que se obtenham resultados favoráveis, sendo de suma importância conhecer o indivíduo que está recebendo os conhecimentos, sua história de vida e suas limitações.
            Educar é um desafio e não desistir deste desafio é princípio básico da função de professor. Ele convoca a aceitação do constante recomeçar para alcançar os objetivos traçados.
            As diferenças existentes em sala de aula podem se tornar motivo para vivenciar uma experiência lúdica e criativa, no momento em que colocam os protagonistas em situação constante de superação, buscando o sucesso desejado por ambos educadores, família e aluno.
            Quando se tem consciência da natureza do desafio, há, possivelmente, maiores e melhores condições para superá-lo. As diferenças são desafiadoras e assustadoras, pois elas demandam capacidade para olhar de maneira diferente para o diferente, isento de preconceitos, rótulos e estigmas.
            Encontrar o brilho peculiar dos alunos que estão ao nosso redor, olhando para sua evolução embora lenta, com base em novo olhar percebendo esta criança como sujeito responsável pela construção do seu conhecimento, é o mesmo aluno que encontrou muita dificuldade e agora tenta superá-la é conhecê-lo de novo. Precisamos conhecer de novo nossos alunos que fracassam na escolarização, agora com um novo olhar, que reflete o orgulho de fazer parte do seu processo de ensino – aprendizagem.



REFERÊNCIAS


______ Cognição, neuropsicologia e aprendizagem: abordagem neuropsicológica e psicopedagógica. 3 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2009.


BRANDÃO, Heliana; FROESELER, Maria das Graças V. G. O livro dos jogos e das brincadeiras para todas as idades. Belo Horizonte: Editora Leitura, 1997.


CORREIA, Luís de Miranda; MARTINS, Ana Paula. Dificuldades de Aprendizagem: Que são? Como entendê-las?. Disponível em: Biblioteca Digital. Acesso em: 10/07/2010.


FONSECA, Victor da. Introdução as Dificuldades de Aprendizagem: Definição de Dificuldades de Aprendizagem. 2 ed. Porto Alegre: Arte Médica, 1995.


GÓMEZ, Ana Maria Salgado; TERÁN, Nora Espinosa. Dificuldades de Aprendizagem: Manual para pais e professores. 1 ed. Rio de Janeiro: Grupo Cultural, 2009.

GUERRA, L.B. A criança com dificuldades de aprendizagem. Rio de Janeiro: Enelivros, 2002.
JARDIM, Wagner Rogério de Souza. Dificuldades de Aprendizagem no Ensino Fundamental: Manual de identificação e intervenção. 2 ed. São Paulo: Loyola, 2005.


LE BOULCH, Jean. Educação Psicomotora: Psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.


MINAYO, Maria C. S. (org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 6 ed. Petrópolis: Vozes, 1996.


PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. 17 ed. São Paulo: Ática, 2003.

RUBINSTEIN, Edith. Em busca dos responsáveis: diante das dificuldades de aprendizado, um olhar mais aguçado sobre o sujeito na sua totalidade e complexidade. In: CIÊNCIA & VIDA: psique edição especial, PSICOPEDAGOGIA para que?, São Paulo: Escala, n.2, p.38-47, mar./abr. 2009.
SÁ, Márcia Souto Maior Mourão. Introdução e psicopedagogia. Curitiba: IESDE, 2005.


SILVA, Marcelo Carlos da. Dificuldades de Aprendizagem: do histórico ao diagnóstico. Disponível em: . Acesso em: 20/07/2010.


SOUZA, Antonio Carlos de; FIALHO, Francisco A. Pereira; OTANI, Nilo. Trabalho de Conclusão de Curso: métodos e técnicas. Florianópolis: Visual Books, 2007.
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11 Comentários :

Unknown disse...

Gostei muito, estou preparando meu projeto e a metodologia que vc aplicou nesse projeto mãos amiga ira contribuir muito com oque estou preparando. Hum forte abraço e obrigada.

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